Books by Maria João Cantinho

Walter Benjamin: Melancolia e Revolução, 2019
Comecemos pelo paradoxo mais evidente, que, apesar de ter sido bastante analisado, nunca se nos a... more Comecemos pelo paradoxo mais evidente, que, apesar de ter sido bastante analisado, nunca se nos afigura - e felizmente - tão claro e transparente como o desejaríamos: era Benjamin um pensador materialista ou teológico? Parece mais ou menos evidente que a conclusão não pode ser definitiva e creio que optar por uma ou outra resposta é sempre uma atitude redutora. O pensamento de Benjamin é uma arte do excesso, que extravasa todos os limites e margens que queiramos impor-lhe. Ele corre como um rio, cujas correntes se renovam a todo o instante e se cruzam fluidamente.
Atento ao detalhe, ao fragmento, "roubando" citações e imagens, o seu pensamento assemelha-se a uma respiração, como define o próprio. Ao falar do tratado, diz assim: "O pensamento volta continuamente ao princípio, regressa com minúcia à própria coisa. Este infatigável movimento de respiração é o modo de ser específico da contemplação. De facto, seguindo, na observação de um único objecto, os seus vários níveis de sentido, ela recebe daí, quer o impulso para um arranque constantemente renovado, quer a justificação para a intermitência do seu ritmo". Seguir o vestígio da sua escrita e determinar como se configuram, na constelação do seu pensamento, os temas e os conceitos operatórios foi o objectivo deste trabalho. Em particular, o tema do messianismo na sua obra e de que modo ele se estrutura nos vários domínios. Há uma estrutura messiânica, de facto, isso pressentira no início, com alguma cautela, mas que, ao mesmo tempo, me desafiava o suficiente para tentar descobrir os pontos que lhe são essenciais. A ideia persistente de haver uma estrutura messiânica na sua obra - mas não confundamos com sistema - confirma-se no confronto com os textos da sua juventude, até à descoberta do marxismo, com os últimos textos que Benjamin redigiu sobre a história, nomeadamente «Sobre o Conceito de História»

Abstract
Georg von Hamann’s philosophy of language is known to be extremely important in the fo... more Abstract
Georg von Hamann’s philosophy of language is known to be extremely important in the forming of young Walter Benjamin’s thought. The refusal of instrumentalism of language and his concepts of pure and
messianic language, in the 1916 text, «On Language as Such and the
Language of Man», when he points his critique of the bourgeois concept and refusal of language as a medium, is created in a particular concept that constitutes one of the main vectors of his thought. Not only does Hamann appear as a privileged author, as quoted in the text, but he also borrows from other authors such as Herman Cohen, a Neo-Kantian, and still seeks the genesis of a messianic conception of language in the Kabbalah. In this text appear
not only the authors who so greatly influenced Bejamin’s concept of language but also how Benjamin integrated that influence and created new configurations in his thought. It is in language, experience and also history, that young Benjamin sets, since early on, the bases of his thought and of his work, while establishing a dialog with his influencing authors. What matters the most, however, is not so much the
marking of his thought, but especially the way the markings are inscribed in the singularity of his work.
Keywords
Language, Messianic, History, Experience, Translation
Trata-se de um trabalho que aborda o Conceito de Alegoria, ao longo da obra de Walter Benjamin, d... more Trata-se de um trabalho que aborda o Conceito de Alegoria, ao longo da obra de Walter Benjamin, desde o texto "A Origem do Drama Barroco Alemão" aos textos sobre Baudelaire e a Modernidade.

"RESUMO
Esta tese visa analisar o conceito de messianismo na obra de Walter Benjamin. Procuram... more "RESUMO
Esta tese visa analisar o conceito de messianismo na obra de Walter Benjamin. Procuramos, acima de tudo, mostrar que este conceito não é um tema pacífico e que reúna o consenso, mas, pelo contrário, é muito polémico e controverso, na sua obra. Se, por um lado, numa primeira fase, Benjamin revela nos seus textos, de forma muito clara e explícita, a presença dessa tonalidade messiânica, por outro, nos textos mais tardios, a presença do elemento messiânico desvanece-se, sob a presença mais forte e mais visível do materialismo histórico. Todavia, o elemento messiânico na sua obra nunca desapareceu e a prova derradeira é o seu ressurgimento nos últimos textos que redige em vida: O Livro das Passagens e Sobre o Conceito de História.
Por um lado, o messianismo permite-lhe recuperar a tradição judaica, que ele considera em decadência, e dar-lhe um novo ânimo, insuflando o messianismo tradicional com conceitos mais dinâmicos e que pudessem aplicar-se ao conhecimento filosófico e da história. Bebendo no Primeiro Romantismo e em Hamann, Benjamin reencontra nesses autores o verdadeiro espírito de um messianismo que pretende revigorar e, com ele, fortalecer a tradição, no seu sentido mais autêntico. Trata-se de utilizar as categorias de redenção, catástrofe, rememoração, apocatastasis, salvação, linguagem messiânica e história messiânica para revolucionar conceitos que, na sua óptica se encontram em decadência espiritual; isto é, de recuperar esses conceitos do judaísmo tradicional e integrá-los no pensamento filosófico contemporâneo. Face ao desgaste do conceito de experiência kantiana, busca apresentar um novo conceito de experiência superior, que possa abrir-se a uma nova compreensão da história e da tradição. Face ao desgaste de uma concepção da linguagem, prisioneira da sua instrumentalidade, opor-lhe uma nova concepção da linguagem, metafísica e messiânica, capaz de redimir a experiência e a história. Face a uma concepção esvaziada do tempo, um tempo quantitativo e visto na sua sucessão e continuidade imparável e catastrófica, opor-lhe uma concepção de tempo qualitativa que restitua à história a sua dimensão autêntica. Face a uma concepção da história vista de forma progressista e privilegiando apenas os "vencedores", opor uma verdadeira concepção da história que seja capaz de, por um lado, interpretar dialecticamente os factos históricos enquanto fenómenos originários; e, por outro lado, reparar as injustiças e fundar uma ordem messiânica capaz de salvar a própria história, redimindo-a. Assim, é preciso "destruir" e interromper a ordem imparável da história do progresso para (tentar) salvar a experiência e a tradição humanas. Só uma história dialéctica, em que os conceitos fundamentais operatórios sejam a rememoração e a imagem dialéctica, pode salvar a história da catástrofe. Porém tal não se constitui como uma utopia extra-terrena, mas antes uma exigência de fazer com que o presente irrompa, em toda a sua força, constituindo os verdadeiros instantes históricos, o tempo do agora, do Jetztzeit. Só a força do presente, reactualizando e rememorando o presente, pode salvar o conhecimento da história, apresentando-o na imagem dialéctica. Essa é a verdadeira visão messiânica, em que a história e linguagem se fundem, na actualidade plena e integral - entenda-se: messiânica.
Palavras-chave: Messianismo, Revolução, História"
Papers by Maria João Cantinho
Cadernos Walter Benjamin, Jun 30, 2011
Resumo: Abordo aqui a questão da língua messiânica em Walter Benjamin e o modo como ela se articu... more Resumo: Abordo aqui a questão da língua messiânica em Walter Benjamin e o modo como ela se articula com a sua ideia, de juventude, de uma comunidade [Gemeinschaft].A partir da ideia de comunidade, tal como era defendida nos seus textos mais precoces como "A Vida dos Estudantes", era possível pensar a ideia de uma linguagem que fosse a "via espiritual" e metafísica que permitisse a relação entre os membros dessa comunidade. Tratava-se, assim, da procura ideal de uma comunidade espiritual, unida por uma visão da história, da ética e linguagem peculiares, isto é, messiânica.
Reflexão, Jul 7, 2015
In the Jewish tradition, messianism is one of the most controverse concepts, since its origin. Ev... more In the Jewish tradition, messianism is one of the most controverse concepts, since its origin. Even in present time, this concept is very polemic, always surrounded by discussions and misunderstandings. Benjamin took a central place in French philosophy. His work was very well accepted in France and takes a central place in all the fields of French thought, in a very dynamic and polemic way. That is the aim of this work: to show how the concept of messianism – above all, Benjamin’s messianism, as a indeniable source – is always in the middle of discussions about politics, history and philosophy, in the thinking of authors like Jacques Derrida, Gerard Bensussan and Emmanuel Levinas. Keywords : Walter Benjamin, Jacques Derrida, Gerard Bensussan, messianism, history, politics.

American Research Journal of English and Literature
From a very young age, Walter Benjamin's influences were anarchism, revolutionary pre-romanticism... more From a very young age, Walter Benjamin's influences were anarchism, revolutionary pre-romanticism and messianism. His paradigmatic text "The Life of Students" (1915) is from this phase, as well as other texts that reveal his thinking at the same time. Later, in 1924, Benjamin was confronted with dialectical materialism, based on Luckács' work, History and Class Consciousness, under the influence of Asja Lascis. These three streaks referred to here (messianism, dialectical materialism and anarchism) constitute, throughout his work, the fabric that would give rise to his most finished thought, namely that which is expressed in his last text, "On the Concept of History". As we intend to emphasize in this text, the idea of revolution is the most evident line in his last work, taking it as the expression of class struggle and, at the same time, of messianism. Here, we analyse these trends that ran through the philosopher's thought and texts, during the thirties and until his death, in 1940, in the adverse context of fascism.

Revista Trama Interdisciplinar, Aug 16, 2016
Nunca será excessivo lembrar que o tema da experiência é um dos conceitos nucleares no pensamento... more Nunca será excessivo lembrar que o tema da experiência é um dos conceitos nucleares no pensamento de Benjamin, estando subjacente à análise da história e à sua teoria crítico-literária e desenvolvendo-se em complexas ramifi cações que têm o seu lugar, sobretudo, a partir da década de 30. Se o texto “A Imagem de Proust”, publicado em 1929 na revista Literarische Welt, desenvolve o conceito de memória involuntária para explicar a questão da imagem aurática em Proust, obtida a partir da rememoração, a contribuição dos estudos de Freud sobre a teoria do choque e as suas consequências nas condições de percepção do homem contemporâneo não foi menos importante, tendo levado Walter Benjamin a aprofundar a sua refl exão sobre o modo como o choque e a rememoração se podem articular para uma nova visão da história, tanto individual quanto colectiva. Examinamos aqui, tanto nas artes, como na literatura e na história, a forma como esse entrosamento defi ne uma nova concepção de experiência, bem como essa experiência torna, ou não, possível a transmissão da cultura, num mundo em que, como disse Kafka, “a tradição adoeceu”. Será a rememoração, essa teia de Penélope, capaz de operar um resgate da tradição histórica? De que tradição falamos aqui? E em que consiste a rememoração?info:eu-repo/semantics/publishedVersio

rth |, 2021
É sobejamente conhecida a influência de Georg von Hamann e da sua filosofia da linguagem na forma... more É sobejamente conhecida a influência de Georg von Hamann e da sua filosofia da linguagem na formação do jovem Walter Benjamin. A recusa da instrumentalização da linguagem e a sua concepção da língua pura e messiânica, no texto de 1916, Sobre a Linguagem em Geral e sobre a Linguagem Humana, onde defende a sua crítica à concepção burguesa daquela e recusa a linguagem como médium, nasce de um contexto peculiar que constituirá um dos vectores fundamentais do seu pensamento. Não apenas Hamann se configura como um autor privilegiado, que cita nesse texto, como também bebe em outros autores, como Hermann Cohen, neo-kantiano, e ainda procura nos cabalistas (que conheceu através das traduções de Molitor e Baader) a génese de uma concepção messiânica da linguagem. Neste texto, elenco, não apenas esses autores que marcaram a sua concepção da linguagem, como também o modo como Benjamin integrou essa influência e ela tomou novas configurações no seu pensamento. É na linguagem, na experiência e n...
O presente texto discorre sobre as mutuas implicacoes entre as reflexoes de Walter Benjamin sobre... more O presente texto discorre sobre as mutuas implicacoes entre as reflexoes de Walter Benjamin sobre fotografia e teoria da imagem e seus escritos teoricos sobre a historia. Ao longo de sua obra, historia e linguagem sao temas que oferecem um tipo de corte transversal, um fio que perpassa as reflexoes de Benjamin sobre os mais diversos temas. O que pretendemos aqui, no entanto, e indagar a relacao entre historia e linguagem em si mesma, enfatizando a linguagem visual e a proposta metodologica de uma teoria da historia fundada em imagens.

albuquerque: revista de história, 2020
Este artigo quer ler a vida de Paul Pessakh Antschel – nome verdadeiro de Celan. Paul Antschel m... more Este artigo quer ler a vida de Paul Pessakh Antschel – nome verdadeiro de Celan. Paul Antschel muda o seu nome de Antschel para o anagrama Celan, que viria a conservar ao longo de toda a sua vida. As leituras de Marx e Nietszche, a par da poesia alemã, sobretudo Hölderlin e Rilke, mas também Goethe e Schiller, Heine, Trakl, Kafka, Hofmannsthal, entre outros, desenvolveram no poeta um gosto pela política e simultaneamente pela literatura. Música e morte entretecem-se, na poesia de Celan, evocando a atmosfera lírica de Schubert – A Morte e a Donzela - ou de Mahler, de Brahms e do Requiem Alemão, numa tentativa de harmonizar a mais dolorosa e insustentável vivência. Celebração, não da morte, mas daqueles que pereceram nos campos de morte, sob as condições mais desumanas que é possível imaginar-se e a dilaceração surge, de forma sublime, no poema “Fuga da Morte”. No poema “A morte é uma flor”, Celan alegoriza a morte através da imagem de uma flor, uma flor que “só abre uma vez”. Trata-...
Revista de História das Ideias, 2011
Resumo-A partir da análise de dois textos paradigmáticos sobre a fotografia, de Charles Baudelair... more Resumo-A partir da análise de dois textos paradigmáticos sobre a fotografia, de Charles Baudelaire e de Walter Benjamin, procura-se, aqui, analisar a fotografia como forma artística emergente em meados do século XIX e quais os efeitos por ela provocados no campo da arte e da estética, então dominada pelo purismo da arte. Controversa, inquietante e perturbadora, sintoma de um mundo que declinava, o da experiência aurática da arte, a fotografia arrasta consigo a admiração apaixonada das massas, por um lado, e a condenação de estetas como Baudelaire, por outro. Por quê? O que significa o seu aparecimento? Afinal, a fotografia é arte ou não? São precisamente essas questões que procuro tematizar à luz de um autor paradigmático como Walter Benjamin.

Rivista Italiana di Filosofia del Linguaggio, 2014
ABSTRACT Le monde messianique est le monde de l'actualité totale et intégrale. Ce n&#... more ABSTRACT Le monde messianique est le monde de l'actualité totale et intégrale. Ce n'est qu'en lui qu'existe une histoire universelle. Ce qui est appelé aujourd'hui de ce nom, ne peut être qu'une sorte d'espéranto. Rien ne saurait lui correspondre tant que la confusion née de la tour de Babel subsiste. C'est qu'elle suppose une langue dans laquelle tout texte d'une langue vivante ou morte doit pouvoir être intégralement traduit. Ou mieux encore, elle est cette langue elle-même. Non comme langue écrite, mais comme la langue célébrée, fêtée. Cette fête est purifiée de toute cérémonie et ignore les chants. Sa langue est l'idée de la prose elle-même, qui est comprise de tous les hommes, comme la langue des oiseaux est comprise des enfants nés un dimanche. (BENJAMIN, Gesammelte Schriften I, 1972, p. 1239)
Cadernos Benjaminianos, 2012
Nos textos mais precoces de Benjamin, nós podemos ver como é importante a religião. E essa religi... more Nos textos mais precoces de Benjamin, nós podemos ver como é importante a religião. E essa religião é o Messianismo. Benjamin sabe muito bem que o único caminho para mostrar essa presença do Messianismo é através do conceito de “violência revolucionária”. Assim, o verdadeiro instante do conhecimento histórico supõe a violência e a interrupção dessa suposta continuidade. Isso significa que a tarefa do historiador é a de saber como ler as imagens dialécticas, clarões violentos onde a verdade histórica emerge.
The Weight of Violence, 2015
Lignes, 2008
Distribution électronique Cairn.info pour Éditions Lignes. © Éditions Lignes. Tous droits réservé... more Distribution électronique Cairn.info pour Éditions Lignes. © Éditions Lignes. Tous droits réservés pour tous pays. La reproduction ou représentation de cet article, notamment par photocopie, n'est autorisée que dans les limites des conditions générales d'utilisation du site ou, le cas échéant, des conditions générales de la licence souscrite par votre établissement. Toute autre reproduction ou représentation, en tout ou partie, sous quelque forme et de quelque manière que ce soit, est interdite sauf accord préalable et écrit de l'éditeur, en dehors des cas prévus par la législation en vigueur en France. Il est précisé que son stockage dans une base de données est également interdit.
Espéculo, 2008
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Atento ao detalhe, ao fragmento, "roubando" citações e imagens, o seu pensamento assemelha-se a uma respiração, como define o próprio. Ao falar do tratado, diz assim: "O pensamento volta continuamente ao princípio, regressa com minúcia à própria coisa. Este infatigável movimento de respiração é o modo de ser específico da contemplação. De facto, seguindo, na observação de um único objecto, os seus vários níveis de sentido, ela recebe daí, quer o impulso para um arranque constantemente renovado, quer a justificação para a intermitência do seu ritmo". Seguir o vestígio da sua escrita e determinar como se configuram, na constelação do seu pensamento, os temas e os conceitos operatórios foi o objectivo deste trabalho. Em particular, o tema do messianismo na sua obra e de que modo ele se estrutura nos vários domínios. Há uma estrutura messiânica, de facto, isso pressentira no início, com alguma cautela, mas que, ao mesmo tempo, me desafiava o suficiente para tentar descobrir os pontos que lhe são essenciais. A ideia persistente de haver uma estrutura messiânica na sua obra - mas não confundamos com sistema - confirma-se no confronto com os textos da sua juventude, até à descoberta do marxismo, com os últimos textos que Benjamin redigiu sobre a história, nomeadamente «Sobre o Conceito de História»
Georg von Hamann’s philosophy of language is known to be extremely important in the forming of young Walter Benjamin’s thought. The refusal of instrumentalism of language and his concepts of pure and
messianic language, in the 1916 text, «On Language as Such and the
Language of Man», when he points his critique of the bourgeois concept and refusal of language as a medium, is created in a particular concept that constitutes one of the main vectors of his thought. Not only does Hamann appear as a privileged author, as quoted in the text, but he also borrows from other authors such as Herman Cohen, a Neo-Kantian, and still seeks the genesis of a messianic conception of language in the Kabbalah. In this text appear
not only the authors who so greatly influenced Bejamin’s concept of language but also how Benjamin integrated that influence and created new configurations in his thought. It is in language, experience and also history, that young Benjamin sets, since early on, the bases of his thought and of his work, while establishing a dialog with his influencing authors. What matters the most, however, is not so much the
marking of his thought, but especially the way the markings are inscribed in the singularity of his work.
Keywords
Language, Messianic, History, Experience, Translation
Esta tese visa analisar o conceito de messianismo na obra de Walter Benjamin. Procuramos, acima de tudo, mostrar que este conceito não é um tema pacífico e que reúna o consenso, mas, pelo contrário, é muito polémico e controverso, na sua obra. Se, por um lado, numa primeira fase, Benjamin revela nos seus textos, de forma muito clara e explícita, a presença dessa tonalidade messiânica, por outro, nos textos mais tardios, a presença do elemento messiânico desvanece-se, sob a presença mais forte e mais visível do materialismo histórico. Todavia, o elemento messiânico na sua obra nunca desapareceu e a prova derradeira é o seu ressurgimento nos últimos textos que redige em vida: O Livro das Passagens e Sobre o Conceito de História.
Por um lado, o messianismo permite-lhe recuperar a tradição judaica, que ele considera em decadência, e dar-lhe um novo ânimo, insuflando o messianismo tradicional com conceitos mais dinâmicos e que pudessem aplicar-se ao conhecimento filosófico e da história. Bebendo no Primeiro Romantismo e em Hamann, Benjamin reencontra nesses autores o verdadeiro espírito de um messianismo que pretende revigorar e, com ele, fortalecer a tradição, no seu sentido mais autêntico. Trata-se de utilizar as categorias de redenção, catástrofe, rememoração, apocatastasis, salvação, linguagem messiânica e história messiânica para revolucionar conceitos que, na sua óptica se encontram em decadência espiritual; isto é, de recuperar esses conceitos do judaísmo tradicional e integrá-los no pensamento filosófico contemporâneo. Face ao desgaste do conceito de experiência kantiana, busca apresentar um novo conceito de experiência superior, que possa abrir-se a uma nova compreensão da história e da tradição. Face ao desgaste de uma concepção da linguagem, prisioneira da sua instrumentalidade, opor-lhe uma nova concepção da linguagem, metafísica e messiânica, capaz de redimir a experiência e a história. Face a uma concepção esvaziada do tempo, um tempo quantitativo e visto na sua sucessão e continuidade imparável e catastrófica, opor-lhe uma concepção de tempo qualitativa que restitua à história a sua dimensão autêntica. Face a uma concepção da história vista de forma progressista e privilegiando apenas os "vencedores", opor uma verdadeira concepção da história que seja capaz de, por um lado, interpretar dialecticamente os factos históricos enquanto fenómenos originários; e, por outro lado, reparar as injustiças e fundar uma ordem messiânica capaz de salvar a própria história, redimindo-a. Assim, é preciso "destruir" e interromper a ordem imparável da história do progresso para (tentar) salvar a experiência e a tradição humanas. Só uma história dialéctica, em que os conceitos fundamentais operatórios sejam a rememoração e a imagem dialéctica, pode salvar a história da catástrofe. Porém tal não se constitui como uma utopia extra-terrena, mas antes uma exigência de fazer com que o presente irrompa, em toda a sua força, constituindo os verdadeiros instantes históricos, o tempo do agora, do Jetztzeit. Só a força do presente, reactualizando e rememorando o presente, pode salvar o conhecimento da história, apresentando-o na imagem dialéctica. Essa é a verdadeira visão messiânica, em que a história e linguagem se fundem, na actualidade plena e integral - entenda-se: messiânica.
Palavras-chave: Messianismo, Revolução, História"
Papers by Maria João Cantinho
Atento ao detalhe, ao fragmento, "roubando" citações e imagens, o seu pensamento assemelha-se a uma respiração, como define o próprio. Ao falar do tratado, diz assim: "O pensamento volta continuamente ao princípio, regressa com minúcia à própria coisa. Este infatigável movimento de respiração é o modo de ser específico da contemplação. De facto, seguindo, na observação de um único objecto, os seus vários níveis de sentido, ela recebe daí, quer o impulso para um arranque constantemente renovado, quer a justificação para a intermitência do seu ritmo". Seguir o vestígio da sua escrita e determinar como se configuram, na constelação do seu pensamento, os temas e os conceitos operatórios foi o objectivo deste trabalho. Em particular, o tema do messianismo na sua obra e de que modo ele se estrutura nos vários domínios. Há uma estrutura messiânica, de facto, isso pressentira no início, com alguma cautela, mas que, ao mesmo tempo, me desafiava o suficiente para tentar descobrir os pontos que lhe são essenciais. A ideia persistente de haver uma estrutura messiânica na sua obra - mas não confundamos com sistema - confirma-se no confronto com os textos da sua juventude, até à descoberta do marxismo, com os últimos textos que Benjamin redigiu sobre a história, nomeadamente «Sobre o Conceito de História»
Georg von Hamann’s philosophy of language is known to be extremely important in the forming of young Walter Benjamin’s thought. The refusal of instrumentalism of language and his concepts of pure and
messianic language, in the 1916 text, «On Language as Such and the
Language of Man», when he points his critique of the bourgeois concept and refusal of language as a medium, is created in a particular concept that constitutes one of the main vectors of his thought. Not only does Hamann appear as a privileged author, as quoted in the text, but he also borrows from other authors such as Herman Cohen, a Neo-Kantian, and still seeks the genesis of a messianic conception of language in the Kabbalah. In this text appear
not only the authors who so greatly influenced Bejamin’s concept of language but also how Benjamin integrated that influence and created new configurations in his thought. It is in language, experience and also history, that young Benjamin sets, since early on, the bases of his thought and of his work, while establishing a dialog with his influencing authors. What matters the most, however, is not so much the
marking of his thought, but especially the way the markings are inscribed in the singularity of his work.
Keywords
Language, Messianic, History, Experience, Translation
Esta tese visa analisar o conceito de messianismo na obra de Walter Benjamin. Procuramos, acima de tudo, mostrar que este conceito não é um tema pacífico e que reúna o consenso, mas, pelo contrário, é muito polémico e controverso, na sua obra. Se, por um lado, numa primeira fase, Benjamin revela nos seus textos, de forma muito clara e explícita, a presença dessa tonalidade messiânica, por outro, nos textos mais tardios, a presença do elemento messiânico desvanece-se, sob a presença mais forte e mais visível do materialismo histórico. Todavia, o elemento messiânico na sua obra nunca desapareceu e a prova derradeira é o seu ressurgimento nos últimos textos que redige em vida: O Livro das Passagens e Sobre o Conceito de História.
Por um lado, o messianismo permite-lhe recuperar a tradição judaica, que ele considera em decadência, e dar-lhe um novo ânimo, insuflando o messianismo tradicional com conceitos mais dinâmicos e que pudessem aplicar-se ao conhecimento filosófico e da história. Bebendo no Primeiro Romantismo e em Hamann, Benjamin reencontra nesses autores o verdadeiro espírito de um messianismo que pretende revigorar e, com ele, fortalecer a tradição, no seu sentido mais autêntico. Trata-se de utilizar as categorias de redenção, catástrofe, rememoração, apocatastasis, salvação, linguagem messiânica e história messiânica para revolucionar conceitos que, na sua óptica se encontram em decadência espiritual; isto é, de recuperar esses conceitos do judaísmo tradicional e integrá-los no pensamento filosófico contemporâneo. Face ao desgaste do conceito de experiência kantiana, busca apresentar um novo conceito de experiência superior, que possa abrir-se a uma nova compreensão da história e da tradição. Face ao desgaste de uma concepção da linguagem, prisioneira da sua instrumentalidade, opor-lhe uma nova concepção da linguagem, metafísica e messiânica, capaz de redimir a experiência e a história. Face a uma concepção esvaziada do tempo, um tempo quantitativo e visto na sua sucessão e continuidade imparável e catastrófica, opor-lhe uma concepção de tempo qualitativa que restitua à história a sua dimensão autêntica. Face a uma concepção da história vista de forma progressista e privilegiando apenas os "vencedores", opor uma verdadeira concepção da história que seja capaz de, por um lado, interpretar dialecticamente os factos históricos enquanto fenómenos originários; e, por outro lado, reparar as injustiças e fundar uma ordem messiânica capaz de salvar a própria história, redimindo-a. Assim, é preciso "destruir" e interromper a ordem imparável da história do progresso para (tentar) salvar a experiência e a tradição humanas. Só uma história dialéctica, em que os conceitos fundamentais operatórios sejam a rememoração e a imagem dialéctica, pode salvar a história da catástrofe. Porém tal não se constitui como uma utopia extra-terrena, mas antes uma exigência de fazer com que o presente irrompa, em toda a sua força, constituindo os verdadeiros instantes históricos, o tempo do agora, do Jetztzeit. Só a força do presente, reactualizando e rememorando o presente, pode salvar o conhecimento da história, apresentando-o na imagem dialéctica. Essa é a verdadeira visão messiânica, em que a história e linguagem se fundem, na actualidade plena e integral - entenda-se: messiânica.
Palavras-chave: Messianismo, Revolução, História"