Papers by Rafael Afonso Gonçalves
1ed. São Carlos: EdUFSCar, 2019
In: Susani S. L. França; Ana Carolina de Carvalho Viotti. (Org.). Cuidar do espírito e do corpo e... more In: Susani S. L. França; Ana Carolina de Carvalho Viotti. (Org.). Cuidar do espírito e do corpo entre o velho e os novos mundos (séculos XIII-XVIII)

Brathair - Revista de Estudos Celtas e Germânicos, 2018
Entre o final do século XIII e o início do século XIV, as missões dos franciscanos e dominicanos ... more Entre o final do século XIII e o início do século XIV, as missões dos franciscanos e dominicanos para difundir o Evangelho nas terras orientais, especificamente nos domínios do Grande Khan de Catai, ganharam impulso graças ao apoio do papado. Em resposta aos pedidos de reforço missionário do franciscano João de Montecorvino, o papa Celestino V decidiu fundar dois arcebispados nas terras orientais, um na capital Cambalique e outro na cidade portuária de Zayton. A iniciativa, motivada pelo desejo do papa e dos missionários de unir a grandeza cristã à de um soberano que ao mesmo tempo ameaçava mas podia vir a ser um aliado imbatível contra os muçulmanos, visava formar um aparato institucional para uma atuação mais sólida e continuada, bem como para se obter mais informações sobre aquelas terras e gentes. É nessa conjuntura que se insere o relato conhecido como Livro do Estado do Grande Khan, traduzido, contextualizado e apresentado no presente artigo. Provavelmente uma compilação de relatos alheios e cujo autor é desconhecido, esta fonte alcançou aceitação nos reinos cristãos por celebrar os sucessos dos franciscanos em terras então de largo interesse, mas também por apresentar de forma minuciosa os hábitos, costumes e valores do Grande Khan.
São abundantes as passagens sobre os encontros entre Francisco de Assis e os animais nos escritos... more São abundantes as passagens sobre os encontros entre Francisco de Assis e os animais nos escritos daqueles que, como Tomás de Ce-lano e Boaventura, se propuseram narrar a vida do santo. Tendo em conta a importância das hagiografias para a promoção de um pro-grama de princípios adotado pela ordem religiosa fundada por ele, bem como para disseminação de seus exemplos, o objetivo deste artigo é examinar escritos sobre a vida de Francisco nos quais os animais são tratados para refletir sobre as virtudes, a obediência a Deus e a fraternidade.

A relação entre o desenvolvimento da astronomia e das Navegações é um tema clássico da historiogr... more A relação entre o desenvolvimento da astronomia e das Navegações é um tema clássico da historiografia da ciência e da expansão europeia dos séculos XV e XVI. Grande parte desses estudos, todavia, por seu empenho em enfatizar as particularidades da época, relegou a poucas notas os vínculos entre as viagens de longa distância e o conhecimento dos astros que precederam a chamada “Era dos Descobrimentos”. A proposta deste artigo é refletir sobre o vínculo entre as teorias cosmológicas e as expedições intercontinentais anteriores às Navegações, entre os séculos XIII e XIV, período em que uma crescente produção e tradução de tratados astronômicos coincidiu com a realização de uma série de viagens ao Extremo Oriente. Para tanto, os citados tratados serão examinados consoantes aos relatos legados por esses viajantes, de modo a melhor compreender as relações entre o desenvolvimento da astronomia e as novas questões sobre as possíveis “imagens do mundo” que se colocavam para aqueles homens. Nesse sentido, esses textos serão abordados a partir de dois pontos distintos: se, por um lado, visa-se entender até que ponto a geografia balizou as informações extraídas do movimento dos céus, por outro, busca-se avaliar como os relatos de viagem se valeram de um saber astronômico para elaborar uma descrição do Oriente e suas gentes.

Revista Tempos Históricos, 2015
No início do século XVI, o rei português, D. Manuel, ordenou a realização de um combate entre um ... more No início do século XVI, o rei português, D. Manuel, ordenou a realização de um combate entre um elefante e um rinoceronte, animais trazidos diretamente do além-mar e que eram conhecidos por um suposta rivalidade. O conflito entre as duas espécies era relatado em diversos tipos de obras, como bestiários, enciclopédias e relatos de viagens, que contavam os detalhes do encontro belicoso entre esses animais. Das informações contidas nos bestiários do século XIII ao evento empreendido pelo monarca português, a descrição do duelo dos bichos apresenta nuanças significativas que dizem respeito, acima de tudo, à forma como os homens concebiam o mundo animal. A proposta deste artigo é examinar algumas variações e alterações na forma de descrever o confronto entre essas bestas, das primeiras décadas do século XIII ao início do XVI, que podem revelar aspectos importantes sobre a relação entre os animais e os homens do passado.

Revista Diálogos, 2014
Professor de História literária da Idade Média na Université d'Orléans e um dos mais importantes ... more Professor de História literária da Idade Média na Université d'Orléans e um dos mais importantes especialistas do gênero de textos conhecidos como enciclopédias medievais, Bernard Ribémont discorre sobre sua última publicação, a " tradução crítica " , como ele mesmo define, do Livre du Trésor, obra escrita pelo notário italiano do século XIII, Brunetto Latini. Nesta entrevista, o medievalista francês faz também um balanço do desenvolvimento dos estudos sobre as enciclopédias na historiografia contemporânea e de sua própria trajetória acadêmica, além de apontar alguns dos desafios atuais encontrados pelos jovens historiadores na França. Bernard Ribémont comenta, ainda, sobre as práticas do sistema universitário que julga terem impedido o progresso de estudos efetivamente interdisciplinares nas Ciências Humanas, tecendo uma contundente crítica ao que nomina de " academicismo francês ".

Entre os séculos XIII e XIV, um grande número de viajantes cruzou os limites da cristandade a fim... more Entre os séculos XIII e XIV, um grande número de viajantes cruzou os limites da cristandade a fim de percorrer os longos itinerários que conduziam ao leste asiático, onde se localizava a corte do soberano tártaro. A maior parte desses viajantes advinha das recém-criadas ordens mendicantes – principalmente a dos Pregadores e a dos Frades Menores –, cujo interesse crescente em conhecer e cristianizar os povos orientais se revelava também na produção de diferentes narrativas e tratados sobre aquelas terras. Os religiosos, no entanto, não foram os únicos que visitaram os domínios asiáticos nesse período. Dois conhecidos viajantes, Jean de Mandeville e Marco Polo, são os autores de relatos que alcançaram grande sucesso entre o público medieval, embora não possuíssem vínculos diretos com nenhuma ordem ou outra instituição religiosa. Este artigo pretende interrogar em que medida esses viajantes, procedentes de diferentes lugares sociais, partilharam expectativas e formas descrever os povos avistados. Para tanto, procuraremos entender até que ponto esses leigos que ambicionavam falar sobre as diversas religiões valeram-se de determinados tópicos e enunciados característicos de um discurso religioso para afirmar a legitimidade de suas narrativas.
Conference Presentations by Rafael Afonso Gonçalves
Animais variados, frutas dos mais diversos sabores e aspectos, climas de diferentes tipos e inten... more Animais variados, frutas dos mais diversos sabores e aspectos, climas de diferentes tipos e intensidades: é esse o mundo natural descrito pelos cristãos latinos que afirmaram ter visitado a Ásia entre os séculos XIII e XIV. Verdadeiros mostruários da visão sobre as terras orientais, os relatos de viagem escritos nesse período caracterizavam essa parte do mundo como um lugar repleto de estranhezas e maravilhas. O frade franciscano Thietmar, que viajou para a região da Terra Santa em uma peregrinação em meados do século XIII, conta que, nas proximidades do Monte Carmelo, "os leões, os leopardos, os ursos, os cervos, as camurças, os javalis e um animal muito cruel [...], mais terrível que o leão, encontram-se ali em abundância." 1

Anpuh - XXVI Simpósio Nacional de História, 2011
Visitar a Terra Santa no medievo foi considerado um dos mais importantes atos votivos que um cris... more Visitar a Terra Santa no medievo foi considerado um dos mais importantes atos votivos que um cristão poderia realizar, sobretudo a partir do século XI, quando a " imitação de Cristo " ganha paulatinamente força dentro da prática da peregrinação. Nesse período, tal viagem deixa de ser entendida como um isolamento da sociedade, consolidando-se sob a forma de uma viagem a espaços delimitados e sacralizados pela tradição cristã. A região palestina recebeu, assim, maior importância em relação a outros locais, pois sobre essa terra o próprio Deus cristão caminhara em sua passagem pela terra. A retomada do controle desses espaços pelos muçulmanos, no decorrer do século XIII, foi um ponto de interesse partilhado pela grande maioria dos viajantes cristãos que visitaram a Terra santa nesse período. A derrota cristã, para os peregrinos, tinha menos relação com uma possível superioridade militar muçulmana do que com uma resposta divina à conduta voluptuosa de alguns cristãos. O presente texto tem como objetivo perceber como o domínio muçulmano na Terra Santa adquiriu um sentido fundamentalmente moral e como os relatos de peregrinação, ao procurar justificar tal domínio produziram, a partir da descrição desse povo infiel, um conjunto de virtudes que deveriam ser praticadas pelos cristãos.

ANPUH-SP - XX ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA, 2010
Após retornar de sua viagem às terras do Oriente, Jean de Pian del Carpine participou de diversas... more Após retornar de sua viagem às terras do Oriente, Jean de Pian del Carpine participou de diversas audiências e encontros, onde frades e outros homens se reuniam para ouvir suas histórias a respeito das paisagens e dos povos avistados por ele. O franciscano conhecido como C. de Bridia foi um dos muitos que, em meados do século XIII, encontraram Carpine e seus companheiros a fim de conhecer mais detalhes daquelas terras distantes. A pedido de seu superior, o frade de Bridia escreveu um relatório sobre o encontro com os recém-chegados, conhecido hoje como Tartar Relation, onde afirma ter colocado "por escrito" aquilo que "entendeu sobre os Tártaros junto com os veneráveis frades." (1965, p. 54) Outro franciscano, Salimbene de Parma, menciona em seu Chronicon, escrito entre 1282 e 1290, que o papa Inocêncio IV reteve Jean de Pian del Carpine "junto de si por três meses", período em que o frade "contou-lhe as notícias sobre os tártaros e entregou os presentes enviados pelo Cã." (1882, p. 112) Frei Salimbene também afirma ter ouvido por inúmeras vezes Carpine repetir sua história aos interessados que o requeriam, chegando ao ponto de que "quando estava cansado de narrar as coisas dos
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