Papers by Sara Belo

CounterText, 2022
In this essay I address the problem of identity formation posed by our mimetic condition by consi... more In this essay I address the problem of identity formation posed by our mimetic condition by considering the relationship between art, domination, and liberation. To better understand how the artistic gift can engender liberation, even if permanently at risk of being instrumentalised for domination, I propose an analysis of the differences between an artistic mask and a uniform. More specifically, I focus on how each of these mimetic forms mobilise different kinds of actions due to the different conceptions of identity that underlie them: the temporary result of an instance of identification among many others, in the case of the artistic mask, and a permanent stabilisation, in the case of the uniform. I ground this differentiation in an analysis of the film Der Hauptmann (2018) by Robert Schwentke and on readings of Philippe Lacoue-Labarthe and Jean-Luc Nancy's critique of 'The Nazi Myth' (1990) constitutive of the mimetic turn.

CONVOCARTE — Revista de Ciências da Arte, 2020
A experiência artística põe em jogo a saída do tempo cronológico, progressivo, causal, mas não pa... more A experiência artística põe em jogo a saída do tempo cronológico, progressivo, causal, mas não para ficar fora do tempo. Pelo contrário, entra-se no tempo, experimenta-se um mergulho nos interstícios do tempo como eminência da exposição à alteração. Neste ensaio analisa-se a relação, engendrada no processo criativo, entre esta metamorfose do tempo e uma metamorfose do artista, através do pressentimento de um “outro” íntimo, que o eu do artista jamais poderá integrar ou absorver e que o abre a infinitas possibilidades. Assim, propõe-se que o gesto artístico consiste em atravessar o intervalo que emerge na intimidade do artista quando este deixa de coincidir completamente consigo mesmo. Para tal, articulam-se considerações sobre a noção de kairós, designadamente a pesquisa etimológica de R. B. Onians e o pensamento de Roland Barthes, introduzindo-se ainda os conceitos de desastre e de morte imemorial de Maurice Blanchot, assim como uma reflexão sobre duas obras de arte, Passage (Andy Goldsworthy, 2014-15) e Fitzcarraldo (Werner Herzog, 1982).
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The artistic experience sets in motion an escape from chronological, progressive, causal time, but not in order to be outside of time. On the contrary, one enters time, experiences a plunge in the interstices of time as eminence of exposure to alteration. In this essay I analyse the relation, engendered in the creative process, between this metamorphosis of time and a metamorphosis of the artist, through a presentiment of an intimate “other” that the artist’s self won’t ever be able to integrate nor absorb, and that opens him/her up to infinite possibilities. Consequently, I propose the artistic gesture consists of crossing the interval that emerges in the artist’s intimacy when he/she ceases to coincide with him/herself. Some considerations on the notion of kairós are articulated, namely R.B. Onians’ etymological research, the thought of Roland Barthes, and also Maurice Blanchot’s concepts of disaster and immemorial death, as well as a reflection on two artworks, Passage (Andy Goldsworthy, 2014-15) and Fitzcarraldo (Werner Herzog, 1982).
Book Chapters by Sara Belo
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Sistema Solar (Documenta) , 2021
https://www.sistemasolar.pt/pt/produto/560/pt/o-mito-nazi/?c=
Excerto:
"A importância deste liv... more https://www.sistemasolar.pt/pt/produto/560/pt/o-mito-nazi/?c=
Excerto:
"A importância deste livro para a compreensão do nazismo (no interior do «fenómeno geral das ideologias totalitárias») consiste em pensá-lo a partir da questão da identidade. Ou seja, da relação entre o próprio e o impróprio — relação constitutiva de qualquer identificação, quer esta seja individual ou colectiva. No caso do nazismo, isto é, do totalitarismo especificamente alemão, aquela relação expressa-se no elemento da raça, levando os autores a propor uma primeira definição do nazismo enquanto «ideologia racista».
Desfazendo a oposição entre mythos e logos, este livro concretiza a intuição de Hannah Arendt sobre o eidos de uma ideologia: a lógica de uma ideia que pretende explicar a totalidade da história conformando o mundo à sua imagem. Os autores rejeitam assim como perigosa e simplista a caracterização do nazismo enquanto fenómeno puramente irracional, demonstrando como aquele se impôs através de uma exploração consciente e deliberada dos movimentos reflexos e miméticos mobilizados pela função exemplar do mito. De forma consequente, neste contexto metafísico de análise, o mito é então tomado, não como um conteúdo particular (tal ou tal mitologia germânica), mas enquanto meio de identificação — de um indivíduo ou de um povo inteiro. Tal é a razão pela qual o livro pensa o mito (nazi), no singular, sem se deter nos mitos ou nas mitologias que alimentaram e fortificaram o movimento nazi."
[Sara Belo e Tomás Maia]
Conference Presentations by Sara Belo

The Mimetic Condition - A transdisciplinary approach, 2019
This paper proposes an analysis of the film 'The Captain' (2018) by Robert Schwentke through the ... more This paper proposes an analysis of the film 'The Captain' (2018) by Robert Schwentke through the lens of mimetic theory. In Schwentke’s film, based on historical facts, a deserter of the German army (Willi Herold) finds a captain uniform and, disguised as such, returns to camp. Thus, Schwentke presents us with a meditation on the power of the uniform that allows for a comparison – and a differentiation – between Herold and actors, or artists in general. If artistic practice is the intensification of mimetic processes, it is also where the double properties of mimesis become most critical. Myths are created by artistic means, and Lacoue-Labarthe and Jean-Luc Nancy have shown us (The Nazy Myth, 1990) just how pernicious the instauration of a myth can be if appropriated by political powers. However, the artistic experience is also the moment in which myths (as rigidified structures designed to shape identities) can be dissolved, for the creative process reveals and intensifies our essential plasticity. This plasticity is a pharmakon, in the sense proposed by Derrida: it is both a poison and a cure, depending on how we wear it, for the artist’s mask can always turn into a uniform.
(Paper presented at the workshop ‘The Mimetic Condition: A Transdisciplinary Approach’, organized by HOM – Homo Mimeticus: Theory and Criticism, at the Institute of Philosophy, KU Leuven, Belgium).

O Chiado, o Carmo e o Coração das Trevas: Artes da esfera pública, 2019
Na novela 'O Coração das Trevas' (1899), de Joseph Conrad, Marlow descreve a sua viagem, rio acim... more Na novela 'O Coração das Trevas' (1899), de Joseph Conrad, Marlow descreve a sua viagem, rio acima, como um retorno às «primeiras idades do mundo». Com esta comunicação, pretendo mostrar que a viagem de Marlow é comparável a uma aproximação ao coração – tenebroso – do gesto criativo. O encontro de Marlow e Kurtz dá-nos a conhecer o encontro do artista com o seu génio. Em 'O horror ocidental' (1995), Philippe Lacoue-Labarthe alinha a figura de Kurtz, descrito como um homem de um coração oco, à tradição ocidental que tem vindo a pensar o génio, ou o artista, como aquele que, «não tendo nenhuma propriedade em si mesmo, é capaz de se apropriar de todas». Com efeito, Platão e Aristóteles debateram-se com este mesmo paradoxo: se os poetas são criadores de carácter (quer dizer, de um ethos, de uma maneira de ser), para o fazerem têm, necessariamente, de abdicar de uma qualquer identidade estável. Sabendo que somos seres maleáveis – moldáveis, portanto – Platão pretendeu controlar as condições dessa modulação fornecendo um único molde, o do cidadão viril (que estabilizasse a modulação infinita que nós somos). Será perante a descoberta deste fundo informe – que poderá também ser conceptualizado como um vazio interior, no sentido de uma ausência de essência, constitutiva e inexorável – que Kurtz enunciará o seu veredicto: «o horror!». Consequentemente, dirijo-me a esta questão: como não ficar horrorizado, como não recuar, perante o fundo informe que nos constitui? Como torná-lo um lugar fértil de criação? Estas questões não dizem somente respeito ao destino de Marlow/Kurtz — mas, provavelmente, ao do Ocidente inteiro.
(Comunicação efectuada a 3 de Abril de 2019, no Grémio Literário, integrada no ciclo de conferências 'O Chiado, o Carmo e o Coração das Trevas: Artes da esfera pública'.)
Talks by Sara Belo
MOVIMENTOS REFLEXOS - CIEBA, 2020
Comentário integrado na sessão MOVIMENTOS REFLEXOS, organizada pelo Centro de Estudos e Investig... more Comentário integrado na sessão MOVIMENTOS REFLEXOS, organizada pelo Centro de Estudos e Investigação em Belas-Artes a 20 de Maio de 2020, a partir do díptico «Pensar a quarentena mundial», de Tomás Maia.
Comentários de Teresa Projecto e Sara Belo, organização de João Paulo Queiroz.
SINOPSE: Através de dois textos recentemente publicados — «O comum dos mortais» e «O medo maior» — procura-se discernir qual é a chance que, apesar de tudo, a quarentena nos oferece para pensarmos a vida em comum. E qual é, a esse respeito, o ensinamento da arte.
Assistir: https://www.youtube.com/watch?v=Gcf6UgJt8FA&feature=youtu.be
Análise da obra cinematográfica “A Palavra” (1955), de Carl Dryer. Conversa aberta no âmbito da d... more Análise da obra cinematográfica “A Palavra” (1955), de Carl Dryer. Conversa aberta no âmbito da disciplina de Pensamento e Obra leccionada pelo Prof. Tomás Maia, Mestrado em Pintura, Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa
16 de Abril 2013
Translations by Sara Belo
Sistema Solar (Documenta), 2021
Edições SR TESTE / Fevereiro 2021 / Colecção Fulgor Quotidiano #17 / Tradução: Ricardo Ribeiro; T... more Edições SR TESTE / Fevereiro 2021 / Colecção Fulgor Quotidiano #17 / Tradução: Ricardo Ribeiro; Teresa Projecto; Sara Belo e Ana Mata / Imagens: Nuno Nunes Ferreira / Composição: Catarina Domingues
Edições SR TESTE / Novembro 2020 / Colecção Fulgor Quotidiano #14 / Tradução: Sara Belo / Imagens... more Edições SR TESTE / Novembro 2020 / Colecção Fulgor Quotidiano #14 / Tradução: Sara Belo / Imagens: Ana João Romana / Composição: Catarina Domingues
Edições SR TESTE / Março 2020 / Colecção Fulgor Quotidiano #8 / Tradução: Sara Belo / Desenhos: S... more Edições SR TESTE / Março 2020 / Colecção Fulgor Quotidiano #8 / Tradução: Sara Belo / Desenhos: Sara Belo e Catarina Domingues / Composição: Catarina Domingues
Creio que as minhas experiências clínicas me trouxeram recentemente a um novo entendimento do que... more Creio que as minhas experiências clínicas me trouxeram recentemente a um novo entendimento do que significa um medo do colapso.
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Papers by Sara Belo
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The artistic experience sets in motion an escape from chronological, progressive, causal time, but not in order to be outside of time. On the contrary, one enters time, experiences a plunge in the interstices of time as eminence of exposure to alteration. In this essay I analyse the relation, engendered in the creative process, between this metamorphosis of time and a metamorphosis of the artist, through a presentiment of an intimate “other” that the artist’s self won’t ever be able to integrate nor absorb, and that opens him/her up to infinite possibilities. Consequently, I propose the artistic gesture consists of crossing the interval that emerges in the artist’s intimacy when he/she ceases to coincide with him/herself. Some considerations on the notion of kairós are articulated, namely R.B. Onians’ etymological research, the thought of Roland Barthes, and also Maurice Blanchot’s concepts of disaster and immemorial death, as well as a reflection on two artworks, Passage (Andy Goldsworthy, 2014-15) and Fitzcarraldo (Werner Herzog, 1982).
Book Chapters by Sara Belo
Excerto:
"A importância deste livro para a compreensão do nazismo (no interior do «fenómeno geral das ideologias totalitárias») consiste em pensá-lo a partir da questão da identidade. Ou seja, da relação entre o próprio e o impróprio — relação constitutiva de qualquer identificação, quer esta seja individual ou colectiva. No caso do nazismo, isto é, do totalitarismo especificamente alemão, aquela relação expressa-se no elemento da raça, levando os autores a propor uma primeira definição do nazismo enquanto «ideologia racista».
Desfazendo a oposição entre mythos e logos, este livro concretiza a intuição de Hannah Arendt sobre o eidos de uma ideologia: a lógica de uma ideia que pretende explicar a totalidade da história conformando o mundo à sua imagem. Os autores rejeitam assim como perigosa e simplista a caracterização do nazismo enquanto fenómeno puramente irracional, demonstrando como aquele se impôs através de uma exploração consciente e deliberada dos movimentos reflexos e miméticos mobilizados pela função exemplar do mito. De forma consequente, neste contexto metafísico de análise, o mito é então tomado, não como um conteúdo particular (tal ou tal mitologia germânica), mas enquanto meio de identificação — de um indivíduo ou de um povo inteiro. Tal é a razão pela qual o livro pensa o mito (nazi), no singular, sem se deter nos mitos ou nas mitologias que alimentaram e fortificaram o movimento nazi."
[Sara Belo e Tomás Maia]
Conference Presentations by Sara Belo
(Paper presented at the workshop ‘The Mimetic Condition: A Transdisciplinary Approach’, organized by HOM – Homo Mimeticus: Theory and Criticism, at the Institute of Philosophy, KU Leuven, Belgium).
(Comunicação efectuada a 3 de Abril de 2019, no Grémio Literário, integrada no ciclo de conferências 'O Chiado, o Carmo e o Coração das Trevas: Artes da esfera pública'.)
Talks by Sara Belo
Comentários de Teresa Projecto e Sara Belo, organização de João Paulo Queiroz.
SINOPSE: Através de dois textos recentemente publicados — «O comum dos mortais» e «O medo maior» — procura-se discernir qual é a chance que, apesar de tudo, a quarentena nos oferece para pensarmos a vida em comum. E qual é, a esse respeito, o ensinamento da arte.
Assistir: https://www.youtube.com/watch?v=Gcf6UgJt8FA&feature=youtu.be
16 de Abril 2013
Translations by Sara Belo
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The artistic experience sets in motion an escape from chronological, progressive, causal time, but not in order to be outside of time. On the contrary, one enters time, experiences a plunge in the interstices of time as eminence of exposure to alteration. In this essay I analyse the relation, engendered in the creative process, between this metamorphosis of time and a metamorphosis of the artist, through a presentiment of an intimate “other” that the artist’s self won’t ever be able to integrate nor absorb, and that opens him/her up to infinite possibilities. Consequently, I propose the artistic gesture consists of crossing the interval that emerges in the artist’s intimacy when he/she ceases to coincide with him/herself. Some considerations on the notion of kairós are articulated, namely R.B. Onians’ etymological research, the thought of Roland Barthes, and also Maurice Blanchot’s concepts of disaster and immemorial death, as well as a reflection on two artworks, Passage (Andy Goldsworthy, 2014-15) and Fitzcarraldo (Werner Herzog, 1982).
Excerto:
"A importância deste livro para a compreensão do nazismo (no interior do «fenómeno geral das ideologias totalitárias») consiste em pensá-lo a partir da questão da identidade. Ou seja, da relação entre o próprio e o impróprio — relação constitutiva de qualquer identificação, quer esta seja individual ou colectiva. No caso do nazismo, isto é, do totalitarismo especificamente alemão, aquela relação expressa-se no elemento da raça, levando os autores a propor uma primeira definição do nazismo enquanto «ideologia racista».
Desfazendo a oposição entre mythos e logos, este livro concretiza a intuição de Hannah Arendt sobre o eidos de uma ideologia: a lógica de uma ideia que pretende explicar a totalidade da história conformando o mundo à sua imagem. Os autores rejeitam assim como perigosa e simplista a caracterização do nazismo enquanto fenómeno puramente irracional, demonstrando como aquele se impôs através de uma exploração consciente e deliberada dos movimentos reflexos e miméticos mobilizados pela função exemplar do mito. De forma consequente, neste contexto metafísico de análise, o mito é então tomado, não como um conteúdo particular (tal ou tal mitologia germânica), mas enquanto meio de identificação — de um indivíduo ou de um povo inteiro. Tal é a razão pela qual o livro pensa o mito (nazi), no singular, sem se deter nos mitos ou nas mitologias que alimentaram e fortificaram o movimento nazi."
[Sara Belo e Tomás Maia]
(Paper presented at the workshop ‘The Mimetic Condition: A Transdisciplinary Approach’, organized by HOM – Homo Mimeticus: Theory and Criticism, at the Institute of Philosophy, KU Leuven, Belgium).
(Comunicação efectuada a 3 de Abril de 2019, no Grémio Literário, integrada no ciclo de conferências 'O Chiado, o Carmo e o Coração das Trevas: Artes da esfera pública'.)
Comentários de Teresa Projecto e Sara Belo, organização de João Paulo Queiroz.
SINOPSE: Através de dois textos recentemente publicados — «O comum dos mortais» e «O medo maior» — procura-se discernir qual é a chance que, apesar de tudo, a quarentena nos oferece para pensarmos a vida em comum. E qual é, a esse respeito, o ensinamento da arte.
Assistir: https://www.youtube.com/watch?v=Gcf6UgJt8FA&feature=youtu.be
16 de Abril 2013