Papers by Luiz H M Silva

Discorremos, neste trabalho, a respeito dos componentes teóricos fundamentais da filosofia políti... more Discorremos, neste trabalho, a respeito dos componentes teóricos fundamentais da filosofia política de Edmund Burke, pensador irlandês que advogou por uma conduta política regulada especialmente pela virtude da prudência, que considerava indispensável a legisladores e estadistas em geral. Ao criticar a Revolução Francesa de 1789, Burke denuncia a impetuosidade e os erros da ideologia que serviu de combustível para aquela insurreição. Ele adverte, nesse contexto, que não são os princípios abstratos fabricados pelo intelecto que devem reger a ação política, mas sim a consideração realista e ponderada das circunstâncias particulares de cada tempo e lugar. Antevendo, já em 1790, que o regime jacobino acarretaria em violências ainda maiores posteriormente, Burke discute os dogmas da mentalidade revolucionária, questionando inclusive a acuidade da razão pretensamente esclarecida dos philosophes iluministas. Burke contesta as noções iluministas relacionadas a um estado primitivo e a direitos primitivos dos homens, bem como a ideia de que a natureza humana, sendo plástica e perfectível, poderia ser artificialmente melhorada por um Estado esclarecido. O seu ceticismo diante das utopias revolucionárias e seu apreço pelas instituições tradicionais levaram as gerações posteriores a nomeá-lo pai do conservadorismo moderno. O pensador irlandês sustenta a convicção de que há uma Ordem e uma Lei Natural acima do Estado e da sociedade com a qual as instituições humanas devem conformar-se progressivamente para alcançar a realização de seus fins. A observância das doutrinas encontradas nas fontes cristãs da Revelação divina e a valorização da tradição moral, institucional e espiritual que os antepassados nos transmitiram seriam os meios mais seguros para manter os laços entre o que é temporal, contingente e humano e o que é eterno, natural, e divino. Burke defende, ainda, que um estadista prudente deve sempre levar em conta as experiências passadas, aprender com erros e com os acertos dos ancestrais e estar disposto a preservar as instituições salutares legadas pelos antepassados, sem deixar de melhorá-las quando as circunstâncias permitirem. Diante de estruturas e sistemas que se tornam ineficazes para atender as necessidades dos cidadãos, Burke propõe, como alternativa ao método revolucionário, a reforma gradual, paciente e orgânica, que permite conservar o que permanece vantajoso nas velhas instituições e fazer reajustamentos posteriores para melhor adequar as mudanças políticas ao todo do organismo social.

Paper sobre o 1º Capítulo do livro A Reinvenção do Mundo, de Jean-Claude Guillebaud Com o título ... more Paper sobre o 1º Capítulo do livro A Reinvenção do Mundo, de Jean-Claude Guillebaud Com o título Inventário após o Naufrágio, Guillebaud inicia o capítulo primeiro de A Reinvenção do Mundo recordando os assassinatos em massa que tornaram o século passado um século de horrores, de barbáries inomináveis. Barbaridades cometidas não obstante todo o esclarecimento que se acreditava ter alcançado, toda a tecnologia desenvolvida após a Revolução Industrial, todo o discurso humanitário fajuto difundido após 1789, toda a ciência contemporânea, toda a empáfia com que os intelectuais europeus de fins do século XIX e início do séc. XX falavam dos povos do passado, dos costumes e da mentalidade dos seus ancestrais. Pensava-se ter atingido um nível de civilização elevadíssimo e esclarecidíssimo, apostava-se no progresso, na sociologia e nas demais ciências que prometiam resolver os problemas do mundo. Mas o que toda essa ilustração desprovida de valores espirituais trouxe foram os genocídios, as atrocidades contra os inocentes, os homicídios em escala industrial, a violência e a insensibilidade ante o sofrimento alheio.
Resumo: Partindo do que já é conhecido pela psicologia a respeito das causas, efeitos e possibili... more Resumo: Partindo do que já é conhecido pela psicologia a respeito das causas, efeitos e possibilidades de tratamento para os pacientes que sofrem de Transtorno de Estresse Pós-Traumático, este artigo aborda o desenvolvimento deste transtorno de ansiedade naqueles pacientes que foram vítimas de violência sexual, especificamente nos recentes conflitos internos da Republica Democrática do Congo. É, portanto, um trabalho que relaciona o estudo de uma psicopatologia a um problema social grave no contexto daquele país africano, exposto por uma alarmante denúncia jornalística.
Teaching Documents by Luiz H M Silva

Classificar e vincular um pensador a uma determinada corrente de pensamento raramente é uma taref... more Classificar e vincular um pensador a uma determinada corrente de pensamento raramente é uma tarefa grata. No caso de Alexis de Tocqueville (1805-1859) – o proeminente autor francês conhecido por suas contribuições para a historiografia, a sociologia e o pensamento político –, será que poderíamos dizer que ele foi apenas um liberal puro e clássico, como creem alguns? Quiçá um revolucionário até simpático aos jacobinos? Ou um conservador? Apologista da democracia, Tocqueville admitia que os diversos partidos [ou as disputas partidárias] são um " mal inerente " e necessário aos governos dos países livres. Famoso pelas críticas que dirigiu tanto ao regime monárquico absolutista vigente na França até 1789 quanto aos rumos despóticos tomados pelo regime republicano que se instalou após a revolução – bem como pelos elogios que teceu ao modelo político estadunidense –, o fato é que, exceto pelo epíteto de " democrático " , Tocqueville não é um autor facilmente classificável, alguém em quem se possa colar um rótulo definitivo e incontestável. Neste texto, contudo, apresentamos trechos de sua obra que deixam entrever uma aproximação, em diversos pontos, entre o pensamento tocquevilleano e certas propostas fundamentais do pensamento conservador.
Uploads
Papers by Luiz H M Silva
Teaching Documents by Luiz H M Silva