
Úrsula Farias
Mestre em Educação pela UFRRJ
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Papers by Úrsula Farias
Retrato do Colonizador”, Albert Memmi discute a visão dos colonizadores europeus sobre os povos colonizados na África e em como isto influenciava as suas ações cotidianas e políticas nesta relação de poder. Partindo desta ideia e, tomando emprestado o título desta obra, reflito neste trabalho como os docentes da educação básica, em redes públicas de ensino, abordam a História da África e do negro a partir da visão que têm construída a respeito do continente e dos afro-descendentes. Neste sentido analiso as posturas docentes, com formações diversas, reveladas nas dissertações de mestrado de
Silva (2010), Conceição (2010), Fernandes (2014) e Farias (2015), que
pesquisaram a implementação da Lei 10.639/2003 em municípios da Baixada Fluminense/RJ. Faço isto a partir dos pressupostos dos autores que discutem a Modernidade e a Colonialidade e a Interculturalidade crítica: Walter Mignolo (2003), Maldonado-Torres (2007), Dussel (2005), Walsh (2007,2010), Quijano (2009) e em como estas questões implicam no cotidiano escolar e nas escolhas curriculares, tomando Candau (2006) como base para esta última questão. Percebe-se que há interpretações variadas acerca do
continente Africano, incorreções históricas e geográficas, e uma visão
estereotipada da África, dos africanos e de seus descendentes, por vezes preconceituosas. Nota-se a necessidade de maior investimento em formação continuada de professores, pois nem sempre quem ensina História tem formação neste campo de conhecimento.
partir da promulgação da Lei nº 10639/2003, fruto da articulação dos movimentos sociais
negros que ganharam força no período pós-ditadura militar no país. A presente dissertação
trata da implementação da referida lei no município de Belford Roxo, localizado na região
metropolitana do Rio de Janeiro, com um olhar específico para os anos iniciais. O objetivo
principal da pesquisa foi analisar o posicionamento dos professores e professoras dos anos
iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano do ensino regular), da rede municipal de
Belford Roxo, em relação as questões étnico-raciais, conforme sinaliza a Lei nº
10.639/2003. Para isso foram analisados documentos referentes às atividades de
implementação da legislação no município e a Proposta Curricular. Além dessa análise
documental dois gestores responsáveis pela implementação da legislação, em dois
governos distintos, responderam a um questionário semifechado, e foram entrevistados
quinze docentes dos anos iniciais, com um instrumento de questões semiestruturadas, A
análise dos dados coletados foi feita com base no referencial teórico estruturado no
posicionamento de autores que discutem a relação da Modernidade com a Colonialidade, e
a interculturalidade crítica. A pesquisa revelou que uma visão eurocêntrica do mundo
interfere na escolha de conteúdos e na interpretação da história da África e do negro no
Brasil; somente a partir da promulgação da lei supracitada, os docentes dos anos iniciais
começaram a atentar para as relações étnico-raciais e para a história do continente africano
e dos negros em nosso país; a falta de formação e informação, o racismo e o preconceito
religioso são os principais problemas para a implementação da lei. Além desses resultados,
também ficou evidente o papel indutor da secretaria municipal de educação para o
tratamento dado a questão. Apesar desse papel, a relação com os docentes, para a
implementação de políticas públicas de educação, é frágil e demonstra que está longe de
ser democrática, pois o docente não participa do processo de discussão e implementação,
ficando a ele relegado o papel de executor. Muitas questões foram colocadas no decorrer
dessa pesquisa e indicam que outras precisam ser feitas para entendermos o impacto da Lei
nº 10639/2003 na educação brasileira em todas as suas instâncias.
Books by Úrsula Farias
Retrato do Colonizador”, Albert Memmi discute a visão dos colonizadores europeus sobre os povos colonizados na África e em como isto influenciava as suas ações cotidianas e políticas nesta relação de poder. Partindo desta ideia e, tomando emprestado o título desta obra, reflito neste trabalho como os docentes da educação básica, em redes públicas de ensino, abordam a História da África e do negro a partir da visão que têm construída a respeito do continente e dos afro-descendentes. Neste sentido analiso as posturas docentes, com formações diversas, reveladas nas dissertações de mestrado de
Silva (2010), Conceição (2010), Fernandes (2014) e Farias (2015), que
pesquisaram a implementação da Lei 10.639/2003 em municípios da Baixada Fluminense/RJ. Faço isto a partir dos pressupostos dos autores que discutem a Modernidade e a Colonialidade e a Interculturalidade crítica: Walter Mignolo (2003), Maldonado-Torres (2007), Dussel (2005), Walsh (2007,2010), Quijano (2009) e em como estas questões implicam no cotidiano escolar e nas escolhas curriculares, tomando Candau (2006) como base para esta última questão. Percebe-se que há interpretações variadas acerca do
continente Africano, incorreções históricas e geográficas, e uma visão
estereotipada da África, dos africanos e de seus descendentes, por vezes preconceituosas. Nota-se a necessidade de maior investimento em formação continuada de professores, pois nem sempre quem ensina História tem formação neste campo de conhecimento.
partir da promulgação da Lei nº 10639/2003, fruto da articulação dos movimentos sociais
negros que ganharam força no período pós-ditadura militar no país. A presente dissertação
trata da implementação da referida lei no município de Belford Roxo, localizado na região
metropolitana do Rio de Janeiro, com um olhar específico para os anos iniciais. O objetivo
principal da pesquisa foi analisar o posicionamento dos professores e professoras dos anos
iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano do ensino regular), da rede municipal de
Belford Roxo, em relação as questões étnico-raciais, conforme sinaliza a Lei nº
10.639/2003. Para isso foram analisados documentos referentes às atividades de
implementação da legislação no município e a Proposta Curricular. Além dessa análise
documental dois gestores responsáveis pela implementação da legislação, em dois
governos distintos, responderam a um questionário semifechado, e foram entrevistados
quinze docentes dos anos iniciais, com um instrumento de questões semiestruturadas, A
análise dos dados coletados foi feita com base no referencial teórico estruturado no
posicionamento de autores que discutem a relação da Modernidade com a Colonialidade, e
a interculturalidade crítica. A pesquisa revelou que uma visão eurocêntrica do mundo
interfere na escolha de conteúdos e na interpretação da história da África e do negro no
Brasil; somente a partir da promulgação da lei supracitada, os docentes dos anos iniciais
começaram a atentar para as relações étnico-raciais e para a história do continente africano
e dos negros em nosso país; a falta de formação e informação, o racismo e o preconceito
religioso são os principais problemas para a implementação da lei. Além desses resultados,
também ficou evidente o papel indutor da secretaria municipal de educação para o
tratamento dado a questão. Apesar desse papel, a relação com os docentes, para a
implementação de políticas públicas de educação, é frágil e demonstra que está longe de
ser democrática, pois o docente não participa do processo de discussão e implementação,
ficando a ele relegado o papel de executor. Muitas questões foram colocadas no decorrer
dessa pesquisa e indicam que outras precisam ser feitas para entendermos o impacto da Lei
nº 10639/2003 na educação brasileira em todas as suas instâncias.