Papers by Inês Fonseca Marques
O nosso propósito, neste artigo, é problematizar as transformações narrativas do jornalismo a doi... more O nosso propósito, neste artigo, é problematizar as transformações narrativas do jornalismo a dois níveis.
Em primeiro, utilizaremos três conceitos que se entrecruzam na questão do storytelling digital (a transmedialidade ou storytelling transmediático, a multimedialidade e a interatividade) para perceber as transformações decorrentes das potencialidades da web para a construção de narrativas.
Em segundo lugar, uma vez que vamos trabalhar com narrativas criadas no seio do maior grupo mediático português – Impresa - tentaremos perceber se a concentração empresarial influencia a construção e difusão de narrativas multimédia.

Desde o advento da WEB2.0, o Jornalismo tem sofrido profundas alterações a vários níveis. Nesta c... more Desde o advento da WEB2.0, o Jornalismo tem sofrido profundas alterações a vários níveis. Nesta comunicação, as autoras propõem-se focar a atenção nas mudanças retórico-textuais, patentes no aparecimento de novos suportes que têm permitido novos modelos de texto e novas formas de reportar.
Com base numa análise caso, que tem como corpus um conjunto de cinco reportagens interativas, publicadas entre abril e setembro de 2015, e anunciadas pela SIC como inovadoras, pretende-se problematizar as transformações narrativas no Jornalismo, decorrentes do advento da hipertextualidade digital. Se é já sabido, como bem o tentou demonstrar João Canavilhas há uma década, que a tradicional superestrutura da notícia – a pirâmide invertida – foi progressivamente substituída no jornalismo online pela “pirâmide deitada” (CANAVILHAS, 2006 e 2007); se os estudos narrativos têm admitido, nos últimos anos, a necessidade de uma reconfiguração dos seus aparelhos analíticos e teóricos, em função da produção e consumo de narrativas hipertextuais (LITS, 2014; RYAN, 2001); se, como certos autores revelam, o jornalismo tem sido preenchido pela atividade do storytelling digital (ALEXANDER, 2011; RYAN, 2006) cremos, apesar de tudo, não ter sido ainda claramente demonstrado em que medida as narrativas jornalísticas, de facto, se alteraram.
Tentar-se-á, por agora, através do estudo de caso, perceber em que medida a interatividade anunciada com entusiasmo pela SIC se concretiza nessas reportagens. Para o efeito, parte-se do conceito de interatividade, como reconhecida propriedade hipertextual, para questionar a sua prática nas reportagens do webjornalismo.

Através de um estudo de caso constituído pelas personagens D. Pedro I, na minissérie O Quinto dos... more Através de um estudo de caso constituído pelas personagens D. Pedro I, na minissérie O Quinto dos Infernos (TV Globo, 2001-2002), e D. Pedro II, na crónica Fastos da Peregrinação de Sua Majestade o Imperador do Brasil por Estes Reinos (Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, As Farpas, 1872), este artigo constitui-se como uma reflexão acerca da figuração da personagem histórica, com intuito satírico e humorístico, na crónica e na série.
Para sustentar este estudo, a primeira parte do artigo versa questões relacionadas com a teoria da personagem, tais como a importância e funções desta categoria narrativa, a diferença entre pessoa e personagem, os problemas associados à sua leitura e as diferenças entre o registo histórico e os registos cronístico e televisivo, colocando-se em confronto a factualidade e a ficcionalidade. A análise das personagens é ainda precedida por uma parte sobre a importância histórica das figuras estudadas, bem como pela contextualização do corpus.
Thesis Chapters by Inês Fonseca Marques

Considerando que todos os textos jornalísticos são narrativas e que a personagem é uma das catego... more Considerando que todos os textos jornalísticos são narrativas e que a personagem é uma das categorias centrais do texto narrativo, o presente trabalho pretende, através do cruzamento entre os Estudos Narrativos e as Ciências da Comunicação, contribuir para o estudo da personagem em narrativas jornalísticas digitais.
Para tal, recorre-se ao confronto entre a bibliografia e um estudo de caso, com um corpus constituído por três séries de reportagens digitais, de três órgãos de comunicação social portugueses: Público, Expresso e Rádio Renascença. Num primeiro momento, apresentamos o estado da arte, em que é feita a primeira abordagem ao tema do trabalho, articulando a teoria da personagem com as questões relacionadas com o ambiente digital.
De seguida, é teorizada a personagem na narrativa jornalística, com base nas teorias construtivistas do jornalismo e na adaptação das teorias sobre a personagem ficcional, definindo-se aí que “a personagem jornalística é qualquer figura – individual ou coletiva – constante de uma narrativa jornalística, ao serviço de objetivos informativos e comunicacionais, construída de acordo com uma seleção de caraterísticas de uma pessoa com existência empírica”. Posteriormente, a narrativa e, mais precisamente, a reportagem, é caraterizada em ambiente digital, identificando-se o que é que a personagem pode ganhar ao ser construída nesse contexto, tirando partido, essencialmente, das caraterísticas inerentes a esse meio: hipertextualidade, não-linearidade, interatividade, convergência, multiplataforma, transmedialidade, imersão e multimodalidade. Antes de se concluir, são apresentados os resultados do estudo de caso, bem como o modelo de análise de personagens jornalísticas criado para analisar o corpus, que cruza os modelos de análise de personagens ficcionais com as técnicas de análise dos media, nomeadamente a análise de conteúdo e a análise do discurso.
Conference Presentations by Inês Fonseca Marques

Pretende, aqui, refletir-se sobre o papel da personagem num dos grandes géneros do jornalismo: a ... more Pretende, aqui, refletir-se sobre o papel da personagem num dos grandes géneros do jornalismo: a reportagem. Partindo de um quadro epistemológico delimitado pelos media studies e pelos estudos narrativos, ensaia-se uma abordagem ao estatuto paraficcional desta categoria narrativa em textos jornalísticos, tentando perceber de que forma a sua construção permite, por um lado, humanizar a história e, por outro, convidar o leitor a imergir no acontecimento.
Minutos após os atentados de Paris, no passado mês de novembro, as redes sociais começaram a ser invadidas por um caudal de informação, a que os media de informação rapidamente se ligaram, começando a acompanhar a evolução dos factos, aproveitando muito do que no Facebook e no Twitter se ia publicando.
Depois de alguns dias de distanciamento, percebe-se que o jornalista profissional tem um papel determinante na construção social do acontecimento, não só conferindo-lhe alguma espessura narrativa, mas sobretudo no modo como modela e constrói a sua memória futura. Nesse sentido, além de ‘curador do real’, o jornalista assume hoje, mais do que nunca, uma função crucial que passa já não pelo monopólio da informação, mas pela sua organização, triagem e significação.
Propõe-se uma análise narrativa de três reportagens de três órgãos de comunicação generalistas portugueses – a Revista E (Expresso), o Público e o Observador – que permitirá constatar que, no rescaldo dos atentados, a notícia ‘ao minuto’ é progressivamente substituída por um investimento narrativo. Esse investimento traduz-se, sobretudo, na aposta numa das categorias centrais da narrativa: a construção de personagens, contributo essencial para a construção de histórias de interesse humano.
As questões que norteiam este estudo são essencialmente estas: i) como são figuradas estas personagens? ii) será que esta estratégia de humanização não contribuirá para matizar as dimensões política, económica, social e cultural do acontecimento? iii) qual a memória futura que estas histórias constroem?
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Papers by Inês Fonseca Marques
Em primeiro, utilizaremos três conceitos que se entrecruzam na questão do storytelling digital (a transmedialidade ou storytelling transmediático, a multimedialidade e a interatividade) para perceber as transformações decorrentes das potencialidades da web para a construção de narrativas.
Em segundo lugar, uma vez que vamos trabalhar com narrativas criadas no seio do maior grupo mediático português – Impresa - tentaremos perceber se a concentração empresarial influencia a construção e difusão de narrativas multimédia.
Com base numa análise caso, que tem como corpus um conjunto de cinco reportagens interativas, publicadas entre abril e setembro de 2015, e anunciadas pela SIC como inovadoras, pretende-se problematizar as transformações narrativas no Jornalismo, decorrentes do advento da hipertextualidade digital. Se é já sabido, como bem o tentou demonstrar João Canavilhas há uma década, que a tradicional superestrutura da notícia – a pirâmide invertida – foi progressivamente substituída no jornalismo online pela “pirâmide deitada” (CANAVILHAS, 2006 e 2007); se os estudos narrativos têm admitido, nos últimos anos, a necessidade de uma reconfiguração dos seus aparelhos analíticos e teóricos, em função da produção e consumo de narrativas hipertextuais (LITS, 2014; RYAN, 2001); se, como certos autores revelam, o jornalismo tem sido preenchido pela atividade do storytelling digital (ALEXANDER, 2011; RYAN, 2006) cremos, apesar de tudo, não ter sido ainda claramente demonstrado em que medida as narrativas jornalísticas, de facto, se alteraram.
Tentar-se-á, por agora, através do estudo de caso, perceber em que medida a interatividade anunciada com entusiasmo pela SIC se concretiza nessas reportagens. Para o efeito, parte-se do conceito de interatividade, como reconhecida propriedade hipertextual, para questionar a sua prática nas reportagens do webjornalismo.
Para sustentar este estudo, a primeira parte do artigo versa questões relacionadas com a teoria da personagem, tais como a importância e funções desta categoria narrativa, a diferença entre pessoa e personagem, os problemas associados à sua leitura e as diferenças entre o registo histórico e os registos cronístico e televisivo, colocando-se em confronto a factualidade e a ficcionalidade. A análise das personagens é ainda precedida por uma parte sobre a importância histórica das figuras estudadas, bem como pela contextualização do corpus.
Thesis Chapters by Inês Fonseca Marques
Para tal, recorre-se ao confronto entre a bibliografia e um estudo de caso, com um corpus constituído por três séries de reportagens digitais, de três órgãos de comunicação social portugueses: Público, Expresso e Rádio Renascença. Num primeiro momento, apresentamos o estado da arte, em que é feita a primeira abordagem ao tema do trabalho, articulando a teoria da personagem com as questões relacionadas com o ambiente digital.
De seguida, é teorizada a personagem na narrativa jornalística, com base nas teorias construtivistas do jornalismo e na adaptação das teorias sobre a personagem ficcional, definindo-se aí que “a personagem jornalística é qualquer figura – individual ou coletiva – constante de uma narrativa jornalística, ao serviço de objetivos informativos e comunicacionais, construída de acordo com uma seleção de caraterísticas de uma pessoa com existência empírica”. Posteriormente, a narrativa e, mais precisamente, a reportagem, é caraterizada em ambiente digital, identificando-se o que é que a personagem pode ganhar ao ser construída nesse contexto, tirando partido, essencialmente, das caraterísticas inerentes a esse meio: hipertextualidade, não-linearidade, interatividade, convergência, multiplataforma, transmedialidade, imersão e multimodalidade. Antes de se concluir, são apresentados os resultados do estudo de caso, bem como o modelo de análise de personagens jornalísticas criado para analisar o corpus, que cruza os modelos de análise de personagens ficcionais com as técnicas de análise dos media, nomeadamente a análise de conteúdo e a análise do discurso.
Conference Presentations by Inês Fonseca Marques
Minutos após os atentados de Paris, no passado mês de novembro, as redes sociais começaram a ser invadidas por um caudal de informação, a que os media de informação rapidamente se ligaram, começando a acompanhar a evolução dos factos, aproveitando muito do que no Facebook e no Twitter se ia publicando.
Depois de alguns dias de distanciamento, percebe-se que o jornalista profissional tem um papel determinante na construção social do acontecimento, não só conferindo-lhe alguma espessura narrativa, mas sobretudo no modo como modela e constrói a sua memória futura. Nesse sentido, além de ‘curador do real’, o jornalista assume hoje, mais do que nunca, uma função crucial que passa já não pelo monopólio da informação, mas pela sua organização, triagem e significação.
Propõe-se uma análise narrativa de três reportagens de três órgãos de comunicação generalistas portugueses – a Revista E (Expresso), o Público e o Observador – que permitirá constatar que, no rescaldo dos atentados, a notícia ‘ao minuto’ é progressivamente substituída por um investimento narrativo. Esse investimento traduz-se, sobretudo, na aposta numa das categorias centrais da narrativa: a construção de personagens, contributo essencial para a construção de histórias de interesse humano.
As questões que norteiam este estudo são essencialmente estas: i) como são figuradas estas personagens? ii) será que esta estratégia de humanização não contribuirá para matizar as dimensões política, económica, social e cultural do acontecimento? iii) qual a memória futura que estas histórias constroem?
Em primeiro, utilizaremos três conceitos que se entrecruzam na questão do storytelling digital (a transmedialidade ou storytelling transmediático, a multimedialidade e a interatividade) para perceber as transformações decorrentes das potencialidades da web para a construção de narrativas.
Em segundo lugar, uma vez que vamos trabalhar com narrativas criadas no seio do maior grupo mediático português – Impresa - tentaremos perceber se a concentração empresarial influencia a construção e difusão de narrativas multimédia.
Com base numa análise caso, que tem como corpus um conjunto de cinco reportagens interativas, publicadas entre abril e setembro de 2015, e anunciadas pela SIC como inovadoras, pretende-se problematizar as transformações narrativas no Jornalismo, decorrentes do advento da hipertextualidade digital. Se é já sabido, como bem o tentou demonstrar João Canavilhas há uma década, que a tradicional superestrutura da notícia – a pirâmide invertida – foi progressivamente substituída no jornalismo online pela “pirâmide deitada” (CANAVILHAS, 2006 e 2007); se os estudos narrativos têm admitido, nos últimos anos, a necessidade de uma reconfiguração dos seus aparelhos analíticos e teóricos, em função da produção e consumo de narrativas hipertextuais (LITS, 2014; RYAN, 2001); se, como certos autores revelam, o jornalismo tem sido preenchido pela atividade do storytelling digital (ALEXANDER, 2011; RYAN, 2006) cremos, apesar de tudo, não ter sido ainda claramente demonstrado em que medida as narrativas jornalísticas, de facto, se alteraram.
Tentar-se-á, por agora, através do estudo de caso, perceber em que medida a interatividade anunciada com entusiasmo pela SIC se concretiza nessas reportagens. Para o efeito, parte-se do conceito de interatividade, como reconhecida propriedade hipertextual, para questionar a sua prática nas reportagens do webjornalismo.
Para sustentar este estudo, a primeira parte do artigo versa questões relacionadas com a teoria da personagem, tais como a importância e funções desta categoria narrativa, a diferença entre pessoa e personagem, os problemas associados à sua leitura e as diferenças entre o registo histórico e os registos cronístico e televisivo, colocando-se em confronto a factualidade e a ficcionalidade. A análise das personagens é ainda precedida por uma parte sobre a importância histórica das figuras estudadas, bem como pela contextualização do corpus.
Para tal, recorre-se ao confronto entre a bibliografia e um estudo de caso, com um corpus constituído por três séries de reportagens digitais, de três órgãos de comunicação social portugueses: Público, Expresso e Rádio Renascença. Num primeiro momento, apresentamos o estado da arte, em que é feita a primeira abordagem ao tema do trabalho, articulando a teoria da personagem com as questões relacionadas com o ambiente digital.
De seguida, é teorizada a personagem na narrativa jornalística, com base nas teorias construtivistas do jornalismo e na adaptação das teorias sobre a personagem ficcional, definindo-se aí que “a personagem jornalística é qualquer figura – individual ou coletiva – constante de uma narrativa jornalística, ao serviço de objetivos informativos e comunicacionais, construída de acordo com uma seleção de caraterísticas de uma pessoa com existência empírica”. Posteriormente, a narrativa e, mais precisamente, a reportagem, é caraterizada em ambiente digital, identificando-se o que é que a personagem pode ganhar ao ser construída nesse contexto, tirando partido, essencialmente, das caraterísticas inerentes a esse meio: hipertextualidade, não-linearidade, interatividade, convergência, multiplataforma, transmedialidade, imersão e multimodalidade. Antes de se concluir, são apresentados os resultados do estudo de caso, bem como o modelo de análise de personagens jornalísticas criado para analisar o corpus, que cruza os modelos de análise de personagens ficcionais com as técnicas de análise dos media, nomeadamente a análise de conteúdo e a análise do discurso.
Minutos após os atentados de Paris, no passado mês de novembro, as redes sociais começaram a ser invadidas por um caudal de informação, a que os media de informação rapidamente se ligaram, começando a acompanhar a evolução dos factos, aproveitando muito do que no Facebook e no Twitter se ia publicando.
Depois de alguns dias de distanciamento, percebe-se que o jornalista profissional tem um papel determinante na construção social do acontecimento, não só conferindo-lhe alguma espessura narrativa, mas sobretudo no modo como modela e constrói a sua memória futura. Nesse sentido, além de ‘curador do real’, o jornalista assume hoje, mais do que nunca, uma função crucial que passa já não pelo monopólio da informação, mas pela sua organização, triagem e significação.
Propõe-se uma análise narrativa de três reportagens de três órgãos de comunicação generalistas portugueses – a Revista E (Expresso), o Público e o Observador – que permitirá constatar que, no rescaldo dos atentados, a notícia ‘ao minuto’ é progressivamente substituída por um investimento narrativo. Esse investimento traduz-se, sobretudo, na aposta numa das categorias centrais da narrativa: a construção de personagens, contributo essencial para a construção de histórias de interesse humano.
As questões que norteiam este estudo são essencialmente estas: i) como são figuradas estas personagens? ii) será que esta estratégia de humanização não contribuirá para matizar as dimensões política, económica, social e cultural do acontecimento? iii) qual a memória futura que estas histórias constroem?