
Sofia Roque
Sofia Roque is a member of the Research Centre for Philosophy at the University of Lisbon (CFUL) and a PhD student at Faculty of Letters and Humanities of the University of Lisbon (FLUL), with a thesis on Political Theory and Hannah Arendt’s thought, specifically, on the topics related with Arendt’s conception of the political and her theory of Judgment. First degree in Philosophy, 2007, FLUL. Masters degree in Political Philosophy, 2012, in the same institution, with a dissertation on «Politics and Modernity. The Critique of the Tradition of Political Thought in Hannah Arendt’s The Promise of Politics». Her research interests also include Aesthetics, Philosophy of Art and Gender Studies. Besides being a scientific researcher, she is also a feminist and a political activist.
less
Related Authors
Maria João Cantinho
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Sara Heinämaa
University of Jyväskylä
Robert R Clewis
Gwynedd Mercy University
XINYU DAI
University of Seoul
Patricia Litho
Makerere University
Laura López Casado
Universidade de Lisboa
Laura Fracalanza
Universidade de Lisboa
Vanessa Montesi
University of Sunderland
Puneet Maan
Panjab University, Chandigarh(India)
Uploads
Papers by Sofia Roque
Abstract
This presentation collects three notes for a critical reflection on emancipation as a practical experimentation of dissension and power. This topic will be approached from a philosophical and political perspective on Gender Questions and Intersectional Feminism, setting forth a possible and inspiring dialogue between Hannah Arendt, Jacques Rancière and Judith Butler.
E-Book: http://experimentation-dissidence.umadesign.com/wp-content/uploads/2019/01/Questioning-the-Oneness-of-Philosophy.pdf
Resumo
Este artigo reúne três notas para uma investigação sobre os Direitos Humanos e as suas limitações, no contexto dos tempos sombrios da contemporaneidade europeia, marcada por um impasse na resposta aos milhares de refugiados e migrantes que aguardam o desfecho do seu destino em campos e centros de detenção, onde a experiência maior é a da absoluta impotência. Partindo da análise de Hannah Arendt sobre as perplexidades dos Direitos do Homem e o declínio do Estado-Nação, num diálogo crítico com autores como Giorgio Agamben e Jacques Rancière, e actualizando as suas considerações no tempo presente, isto é, na era humanitária, as notas encaminham a reflexão no sentido de defender que no centro está afinal uma crise da política, instalada no deserto que se alimenta da actual ausência de mundo, e do próprio espaço público esvaziado do seu potencial de poder e de aparência.
Abstract
This paper collects three notes for a research on Human Rights and its limitations, in the context of the dark times we are living in European modernity, marked by the impasse on the answer to thousands of migrants and refugees, who are waiting to know about their destiny in camps and detention centres, where the major experience they can achieve is powerlessness. The focus is on Hannah Arendt’s analysis on the perplexities of the Rights of Man and the decline of the Nation-State, although it will be considered in a critical dialogue with authors such as Giorgio Agamben and Jacques Rancière, updating her remarks to the present time, i.e. to the humanitarian era. In this way, these notes lead the reflection to argue that the central question is the crisis of politics itself, that is placed in the desert that is growing along with the current absence of a common world, and the crisis of the public space emptied of its potential of power and appearance.
Introdução
«Na célebre entrevista que concedeu a Günter Gaus (1964), Hannah Arendt afirma que o mais importante para si é compreender, referindo-se mesmo a uma “necessidade” de compreensão. No ensaio “Compreensão e Política”, Arendt define esse tipo de compreensão especial que o pensamento político exige, e que a autora reclamou a si mesma, afirmando que só a imaginação torna possível ver as coisas segundo uma perspetiva própria, sem distorções ou preconceitos. Sem este modo da imaginação, que Arendt diz ser, na realidade, a própria compreensão, “jamais seríamos capazes de nos situar no mundo. (…) Só somos contemporâneos daquilo que a nossa compreensão alcança” (ARENDT, (1954) 2005a: 323). Mas como compreender as condições do presente que Arendt caracteriza essencialmente como o tempo do não-lugar da política, o tempo no qual a política aparentemente “deixou de ter sentido” e onde emerge o “deserto”, que se alimenta da atual “ausência de mundo, a extinção de tudo aquilo que existe entre nós”? (ARENDT, 2005b: 201) O seu presente não é o nosso, é certo. Mas o seu tempo não se encontra suficientemente distante, nem se apresenta consideravelmente diferente do nosso, a ponto de nos impedir de encontrar a semelhança terrífica que nos leva a partilhar as suas preocupações. Para combater o deserto, é o próprio mundo, enquanto artifício humano, que tem de ser transformado e essa é a resposta política, em todos os seus sentidos, defende Arendt. Contudo, a pergunta sobre o que é o sentido da política e a resposta arendtiana – “o sentido da política é a liberdade” (ARENDT, 2005b: 108) – não são atualmente evidentes por si próprias, nem imediatamente plausíveis. Como refere Arendt, a questão atual é muito mais radical, mais agressiva e mais desesperada, traduzindo-se na interrogação sobre se a política ainda terá sentido. (...)»
Books by Sofia Roque
Abstract
This presentation collects three notes for a critical reflection on emancipation as a practical experimentation of dissension and power. This topic will be approached from a philosophical and political perspective on Gender Questions and Intersectional Feminism, setting forth a possible and inspiring dialogue between Hannah Arendt, Jacques Rancière and Judith Butler.
E-Book: http://experimentation-dissidence.umadesign.com/wp-content/uploads/2019/01/Questioning-the-Oneness-of-Philosophy.pdf
Resumo
Este artigo reúne três notas para uma investigação sobre os Direitos Humanos e as suas limitações, no contexto dos tempos sombrios da contemporaneidade europeia, marcada por um impasse na resposta aos milhares de refugiados e migrantes que aguardam o desfecho do seu destino em campos e centros de detenção, onde a experiência maior é a da absoluta impotência. Partindo da análise de Hannah Arendt sobre as perplexidades dos Direitos do Homem e o declínio do Estado-Nação, num diálogo crítico com autores como Giorgio Agamben e Jacques Rancière, e actualizando as suas considerações no tempo presente, isto é, na era humanitária, as notas encaminham a reflexão no sentido de defender que no centro está afinal uma crise da política, instalada no deserto que se alimenta da actual ausência de mundo, e do próprio espaço público esvaziado do seu potencial de poder e de aparência.
Abstract
This paper collects three notes for a research on Human Rights and its limitations, in the context of the dark times we are living in European modernity, marked by the impasse on the answer to thousands of migrants and refugees, who are waiting to know about their destiny in camps and detention centres, where the major experience they can achieve is powerlessness. The focus is on Hannah Arendt’s analysis on the perplexities of the Rights of Man and the decline of the Nation-State, although it will be considered in a critical dialogue with authors such as Giorgio Agamben and Jacques Rancière, updating her remarks to the present time, i.e. to the humanitarian era. In this way, these notes lead the reflection to argue that the central question is the crisis of politics itself, that is placed in the desert that is growing along with the current absence of a common world, and the crisis of the public space emptied of its potential of power and appearance.
Introdução
«Na célebre entrevista que concedeu a Günter Gaus (1964), Hannah Arendt afirma que o mais importante para si é compreender, referindo-se mesmo a uma “necessidade” de compreensão. No ensaio “Compreensão e Política”, Arendt define esse tipo de compreensão especial que o pensamento político exige, e que a autora reclamou a si mesma, afirmando que só a imaginação torna possível ver as coisas segundo uma perspetiva própria, sem distorções ou preconceitos. Sem este modo da imaginação, que Arendt diz ser, na realidade, a própria compreensão, “jamais seríamos capazes de nos situar no mundo. (…) Só somos contemporâneos daquilo que a nossa compreensão alcança” (ARENDT, (1954) 2005a: 323). Mas como compreender as condições do presente que Arendt caracteriza essencialmente como o tempo do não-lugar da política, o tempo no qual a política aparentemente “deixou de ter sentido” e onde emerge o “deserto”, que se alimenta da atual “ausência de mundo, a extinção de tudo aquilo que existe entre nós”? (ARENDT, 2005b: 201) O seu presente não é o nosso, é certo. Mas o seu tempo não se encontra suficientemente distante, nem se apresenta consideravelmente diferente do nosso, a ponto de nos impedir de encontrar a semelhança terrífica que nos leva a partilhar as suas preocupações. Para combater o deserto, é o próprio mundo, enquanto artifício humano, que tem de ser transformado e essa é a resposta política, em todos os seus sentidos, defende Arendt. Contudo, a pergunta sobre o que é o sentido da política e a resposta arendtiana – “o sentido da política é a liberdade” (ARENDT, 2005b: 108) – não são atualmente evidentes por si próprias, nem imediatamente plausíveis. Como refere Arendt, a questão atual é muito mais radical, mais agressiva e mais desesperada, traduzindo-se na interrogação sobre se a política ainda terá sentido. (...)»