Papers by Anabela Martins Coutinho
A escritora Hélia Correia, com a sua obra Montedemo, presenteia -nos com uma mulher que sofre uma... more A escritora Hélia Correia, com a sua obra Montedemo, presenteia -nos com uma mulher que sofre uma metamorfose, passando de femme fragile a femme fatale. Esta transformação tem a ver com a força que emana do centro de Montedemo, pois uma indeterminação sobrenatural torna -o no local do desassossego moral, da perdição das almas – o monte do demo. E é nessa natureza que Milena, a protagonista, se abandona aos prazeres da carne, se deixa fertilizar e se metamorfoseia numa mulher sensual e erótica.
The writer Helia Correia, through her work Montedemo, shows us a woman who suffers a metamorphosi... more The writer Helia Correia, through her work Montedemo, shows us a woman who suffers a metamorphosis and changes from femme fragile to femme fatale. This transformation is due to the strength which emanates from the centre of Montedemo, because a supernatural indetermination makes it the place of moral unquietness, the souls’ misfortune - the mount of the devil. And it’s in this nature that Milena, the main character, gives herself to the pleasures of the flesh, is fertilized and transforms into a sensual and erotic woman.
Through her work Bastardia, the writer Helia Correia, offers us a woman that undergoes a metamorp... more Through her work Bastardia, the writer Helia Correia, offers us a woman that undergoes a metamorphosis and becomes, from infertile, peaceful and serious, fertile and a witch. This transformation has to do with the pact that she, with the help of the village’s witch, made with the Devil, in order to conceive the main character of the story – Moises – son of the sea.

Mutações do Conto nas sociedades contemporâneas. Doroteia: o conto sem fadas, 2014
O conto Doroteia é uma história de miséria e obscurantismo. Uma fórmula de
abertura localiza a aç... more O conto Doroteia é uma história de miséria e obscurantismo. Uma fórmula de
abertura localiza a ação num tempo longínquo e num espaço impreciso: no passado; num cemitério. A autora localiza-o na aldeia: situa-se na encosta sul de uma colina. O cemitério está associado à morte e encontra-se no centro da narrativa, estando todos os outros espaços e personagens ligados a este sítio. Um outro espaço, uma cabana, também cumpre uma função narrativa, sendo um lugar de isolamento, que separa os indivíduos indesejados, que, neste caso é a mãe de Doroteia. Doroteia nasce num ambiente infértil, desprovido de vida, mas com excesso de religião. Para marcar a viragem da diegese, Hélia Correia, insiste sobre a ausência de árvores no cemitério. Com efeito, umas chuvas purificadoras, e fonte de vida, vão varrer o passado – isto é, os caixões e esqueletos do cemitério – e contribuir para a regeneração da vida.
Forma Breve, 2012
Nos anos oitenta surge Hélia Correia 1 , uma escritora que vive em constante (des) harmonia com a... more Nos anos oitenta surge Hélia Correia 1 , uma escritora que vive em constante (des) harmonia com as suas personagens. Em muitos dos seus contos, valeu -se dos traços neofantásticos para transportar o seu leitor para um plano metafísico e maravilhoso, criando 1 Nascida em 1949, em Lisboa, licenciou -se em Filologia Românica, tendo feito, também, um curso de Pós--graduação em Teatro Clássico. Hélia Correia exerceu funções de professora do ensino secundário, dedicando--se presentemente, sobretudo, à escrita. é poetisa e dramaturga, mas é enquanto ficcionista que se destaca nos anos oitenta, aquando da publicação da obra o número dos Vivos.
Forma Breve, May 22, 2014
Uploads
Papers by Anabela Martins Coutinho
abertura localiza a ação num tempo longínquo e num espaço impreciso: no passado; num cemitério. A autora localiza-o na aldeia: situa-se na encosta sul de uma colina. O cemitério está associado à morte e encontra-se no centro da narrativa, estando todos os outros espaços e personagens ligados a este sítio. Um outro espaço, uma cabana, também cumpre uma função narrativa, sendo um lugar de isolamento, que separa os indivíduos indesejados, que, neste caso é a mãe de Doroteia. Doroteia nasce num ambiente infértil, desprovido de vida, mas com excesso de religião. Para marcar a viragem da diegese, Hélia Correia, insiste sobre a ausência de árvores no cemitério. Com efeito, umas chuvas purificadoras, e fonte de vida, vão varrer o passado – isto é, os caixões e esqueletos do cemitério – e contribuir para a regeneração da vida.
abertura localiza a ação num tempo longínquo e num espaço impreciso: no passado; num cemitério. A autora localiza-o na aldeia: situa-se na encosta sul de uma colina. O cemitério está associado à morte e encontra-se no centro da narrativa, estando todos os outros espaços e personagens ligados a este sítio. Um outro espaço, uma cabana, também cumpre uma função narrativa, sendo um lugar de isolamento, que separa os indivíduos indesejados, que, neste caso é a mãe de Doroteia. Doroteia nasce num ambiente infértil, desprovido de vida, mas com excesso de religião. Para marcar a viragem da diegese, Hélia Correia, insiste sobre a ausência de árvores no cemitério. Com efeito, umas chuvas purificadoras, e fonte de vida, vão varrer o passado – isto é, os caixões e esqueletos do cemitério – e contribuir para a regeneração da vida.