Papers by Myriam P . Nogueira
Procuramos analisar os filmes e pecas teatrais de Woody Allen, cineasta e ator, tambem dramaturgo... more Procuramos analisar os filmes e pecas teatrais de Woody Allen, cineasta e ator, tambem dramaturgo e contista; buscamos uma influencia reciproca do cinema em seu teatro e do teatro em seu cinema, desde citacoes intertextuais de diversos trabalhos artisticos ate adaptacoes de suas proprias obras para outras midias; analisamos suas parodias e as influencias de outros autores em seu estilo, e tambem a influencia de seu estilo no trabalho de novos autores. Atraves disto, queremos entender a presenca da linguagem filmica na sua escritura de pecas teatrais e do papel desempenhado pela linguagem dramaturgica na sua narrativa cinematografica.

De acordo com Luís Alberto de Abreu, Hoje é Dia de Maria trabalhou com o universo dos contos fant... more De acordo com Luís Alberto de Abreu, Hoje é Dia de Maria trabalhou com o universo dos contos fantásticos. Muito presente na minissérie é o tema do duplo, recorrente na literatura universal fantástica. Para Eco "a presença do sósia é quase obrigatória em um romance barroco" (ECO,2003: p.212), e, no caso do maravilhoso e do fantástico, mais ainda. No cinema e na televisão, mesmo quando não havia a possibilidade dos efeitos especiais digitais, a adaptação de textos fantásticos, por exemplo, já instigava os cineastas no século XIX, como George Mélies em sua Viagem à Lua, e continuou sendo um processo recorrente para o cinema surrealista e expressionista alemão e hoje para os filmes de terror ou de cineastas cult. Assim também a literatura vem trabalhando o fantástico através da história até a contemporaneidade, como vemos desde Edgar Alan Poe, Hoffmann, Gaultier e Mérimée a Isabel Allende, Julio Cortázar, Jorge Luís Borges, Rubem Fonseca, Lígia Fagundes Teles e Murilo Rubião, para citarmos alguns brasileiros. Bakhtin revela o fenômeno habitual das personagens duplas em Dostoiévski, como sendo uma sua particularidade, pois escrevia "obrigando as personagens a dialogarem com seus duplos, com o diabo, com seu alter-ego e com sua caricatura" (BAKHTIN, 1997: p. 28-29). Segundo Le Goff, há "uma relação entre o espelho, símbolo da duplicidade, e o maravilhoso" (LE GOFF,1983: p.20), já no título do livro de Pierre Mabille sobre o maravilhoso, Le Miroir du Merveilleu x. Segundo Cesarini, o desdobramento, gêmeos e sósias, a duplicidade de cada personalidade, tudo isso é tema já muito desenvolvido no teatro, seja no trágico ou no cômico, mas também nas narrativas de todos os tempos. Entretanto, no fantástico o tema enriquece por meio dos motivos do retrato, do espelho, das muitas refrações da imagem humana, da duplicação obscura que cada indivíduo joga para trás de si, na sua sombra.(CESARINI, 2006: p.83), Para os românticos alemães, como Hoffmann, reflexos de espelho e sombras se confundem. De acordo com Junito Brandão , a sombra tem função ambivalente, já que possui qualidades comuns à luz e às trevas, assim aflorando o problema do bem e do mal. A força da fertilidade da sombra é associada à luz geradora da vida. "Possui instintos normais e impulsos criadores" (BRANDÃO, 1987: p.187). Sua força curativa é exaltada em muitas culturas, nas quais ela se acha imbuída de mistério e sobrenaturalidade. Para os latinos, a sombra, umbra, tem seu lado negativo: são os "aspectos ocultos, reprimidos, desfavoráveis da personalidade." Aí estamos no terreno da magia, do espiritual, característica apontada como sendo do maravilhoso. Entre os mitos gregos é que surgiram primeiramente estas tendências fantasmagóricas e demoníacas: "os mortos perdem a sombra, ou, por outra, transformam-se eles próprios em sombras, imago, umbra, eídolon e podem assustar os vivos: são as assombrações." (BRANDÃO, 1987: p.188) Sendo uma parte inconsciente da personalidade ou mesmo uma parcela do inconsciente coletivo, no dizer de Jung, a imagem perdida de Narciso continua viva entre nós.
Brás Cubas diz, ao cabo de suas Memórias Póstumas, que não teve filhos _ e não os teve Machado, n... more Brás Cubas diz, ao cabo de suas Memórias Póstumas, que não teve filhos _ e não os teve Machado, na vida real, malgrado o seu devotado amor a Carolina, que ele imortalizou no soneto camoniano. Porém, constituiu descendência: os seus discípulos, rebentos da estirpe
Revista Asa Palavra, Jan 2011
Em A Muralha, minissérie da TV Globo, considera-se a adaptação do livro de Dinah Silveira de Quei... more Em A Muralha, minissérie da TV Globo, considera-se a adaptação do livro de Dinah Silveira de Queiroz como uma transcriação de linguagem no tempo e espaço. A noção de fidelidade é vista como datada e ultrapassada. A tradução não é da lingua, mas do que não pertence ao domínio das palavras. Palavras-chave: Adaptação; Literatura; Televisão;
Revista Asa Palavra, Aug 2011
O trabalho faz um paralelo entre alguns contos do escritor imortal da Academia Brasileira, Peregr... more O trabalho faz um paralelo entre alguns contos do escritor imortal da Academia Brasileira, Peregrino Jr., reunidos no livro A Mata Submersa e Outras Histórias da Amazônia e um romance e contos do escritor moçambicano, Mia Couto, respectivamente O Outro Pé da Sereia e "Adeus à Sombra" e "O dia em que explodiu Mabata-bata", contrastando dialetos, lendas, neologismos e mitos encenados em textos que narram as estórias e histórias do povo das savanas africanas e as da gente da Floresta Amazônica.
Revista Asa Palavra, 2012
Palavras-Chave: Comunicação Televisão Minissérie Pós-Produção de Imagem Efeitos Especiais Computa... more Palavras-Chave: Comunicação Televisão Minissérie Pós-Produção de Imagem Efeitos Especiais Computação Gráfica RESUMO Em 1999 e em 2000, a autora entrevistou, visando escrever um livro sobre a História das Minisséries Brasileiras da TV Globotema que já era sua pesquisa desde a feitura de um vídeo sobre a produção das mesmas em 1988, na UFMGeditores de imagem da TV Globo, diretores de TV, um ator e o gerente de computação gráfica do
Revista Asa Palavra, 2012
Palavras-Chave: Comunicação Televisão Minisséries Direção de Arte Produção de Arte Cenografia RES... more Palavras-Chave: Comunicação Televisão Minisséries Direção de Arte Produção de Arte Cenografia RESUMO Esta é a primeira parte de uma pesquisa feita com profissionais da Rede Globo de Televisão, que trabalharam com a direção e a produção de arte (cenografia e figurino) das séries brasileiras, como são chamadas as minisséries televisivas globais. Também um ator e uma diretora dão sua opinião sobre este trabalho de equipe.
Palavras-Chave: Comunicação Televisão Minisséries Direção de Fotografia Iluminação RESUMO Entrevi... more Palavras-Chave: Comunicação Televisão Minisséries Direção de Fotografia Iluminação RESUMO Entrevista com dois diretores de fotografia que trabalharam em minisséries da TV Globo, realizadas entre 1992 e 1993 pela autora, em que o trabalho com as séries brasileiras é comparado ao trabalho com cinema e com novelas. Há depoimentos também sobre iluminação das minisséries dados por outros profissionais que trabalharam na Globo. Estas entrevistas fariam parte de um livro que ficou inédito e agora, através desta revista, são finalmente publicadas. 1 Bacharel em Televisão pela FAFICH/UFMG, Mestre pela PUC-Minas, Doutoranda em Artes Visuais/Cinema pela EBA/UFMG

Muito já se tem falado sobre a presença do teatro no cinema, desde os tempos de George Méliès, co... more Muito já se tem falado sobre a presença do teatro no cinema, desde os tempos de George Méliès, com os efeitos especiais de teatro em seus filmes de ficção científica e com o "teatro filmado"termo um tanto pejorativo aplicado aos filmes do americano Edward Porter, onde os atores atuavam uma cena sem cortes, para uma "quarta parede" que era o cameraman, numa primeira fase do cinema. O cinema e o teatro têm uma influência muito maior entre si no caso europeu e americanoe, dentre os casos mais ilustres, Ryngaert 1 cita a teatralização do cinema com Eric Rohmer e Jean Luc-Godard (e por extensão podemos dizer a nouvelle-vague em geral). Muitas peças têm sido adaptadas para o cinema, desde Shakespeare (Othello, MacBeth, Henrique V, Noite de Reis, Sonho de Uma Noite de Verão, Romeu e Julieta, etc.) até Tennessee Williams (Gata em Teto de Zinco Quente, Um Bonde Chamado Desejo), Fassbinder (Lágrimas Amargas de Petra Von Kant) e Woody Allen (Morte), peça de um ato, que transforma-se em Shadows and Fog (Neblina e Sombras, 1981) de Woody Allen também; muitos dramaturgos têm sido acolhidos pelo cinema, desde a Hollywood dos anos 40, que recebeu Brechtum casamento que não deu certoassim como no Brasil, nos anos 70, Dias Gomes, Plínio Marcos, Oduvaldo Vianna Filho foram convidados para escrever televisão, (a indústria do entretenimento no Brasil, comparando com Hollywood) aqui uma parceria mais feliz. A temática do teatro no cinema também é recorrente, como podemos ver em Il Viaggio di Capitan Fracassa (A Viagem do Capitão Tornado, 1990) de Ettore Scola, que nos remete à comédia dell"arte italiana, sucesso de crítica nos anos 90, ou em Bullets over Broadway (Tiros na Broadway, 1994) de Woody Allen; Broadway Danny Rose (1984), também de Woody Allen e em tantos outros filmes musicais, como The Phantom of the Opera (O Fantasma da Ópera,2004) de Joel Schumacher, por exemplo. Ou mesmo a utilização de instrumentos teatrais, como o coro grego em Mighty Aphrodite (Poderosa Afrodite,1995), também de Woody Allen. Segundo Martin Esslin 2 , "os veículos de natureza técnica chegaram, eles mesmos, por sua vez, a reinfluenciar o drama teatral." É justamente isto que nos chamou a atenção: a pesquisa da linguagem cinematográfica no teatro. Aqui também, abrem-se várias frentes. No teatro contemporâneo, temos as peças multimídiasou 1 RYNGAERT, 1998. 2 ESSLIN, 1978
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